Dança de roda: ancestralidade, resistência e cuidado: relato de experiência em uma comunidade quilombola

  • Autor
  • Rodrigo Cardoso dos Santos
  • Co-autores
  • Roberto dos Santos Lacerda , Ricardo Cardoso dos Santos
  • Resumo
  •  

    Introdução: A dança enquanto expressão artístico-cultural figura como um elemento de fundamental relevância na discussão acerca da promoção e cuidado em saúde de comunidades quilombolas, constituindo-se como um patrimônio imaterial e coletivo da identidade afro-brasileira. Configura-se portanto como manifestação estruturante das territorialidades e da relação indivíduo-coletividade-ambiente através da formação de uma identidade cultural comum.

    Nessa perspectiva, reconhece-se a importância da construção de espaços que resgatem a memória e a construção da identidade de comunidades quilombolas, no qual a dança insere-se enquanto elemento fundamental na perpetuação da ancestralidade e das narrativas historicamente presentes nas vivências de povos tradicionais.

    Relato de experiência: Foi realizada uma visita à comunidade quilombola Sítio Alto, localizada no município de Simão Dias, interior do estado de Sergipe, promovida pela Liga Acadêmica de Saúde Coletiva da UFS Campus Lagarto. Participaram da atividade estudantes de graduação, profissionais de saúde e público externo.

    A atividade foi adequadamente denominada de vivência, pois a intenção da visita era experienciar alguns aspectos de vida, história e saúde presentes na comunidade Sítio Alto.

    Inicialmente o grupo foi recebido por Dona Josefa, líder da comunidade, que representa, sob uma visão de vanguarda, a corporificação da expressão resistência, sendo um símbolo de luta e representação do patrimônio histórico-cultural e artístico que a comunidade agrega. Diversos foram os momentos facilitados por Dona Josefa: apresentação do território, relato de inúmeras histórias vivenciadas por antepassados que construíram o espaço físico, mas principalmente a identidade local, apresentação do banco de sementes crioulas, da igreja local, dentre outros.

    É relevante pontuar os diversos momentos em que Dona Josefa recitou trechos de músicas e versos que possuem uma raiz histórica significativa para o povo quilombola, pois são produções artísticas construídas em momentos cotidianos que por vezes abordam situações de opressão e subjulgamento vivenciados pela população negra, tornando-as um instrumento de análise histórica representativo.

    Dentre as atividades desenvolvidas durante a vivência, destaca-se a dança de roda da comunidade, que figura como um dos principais elementos culturais local.

    Impactos: Por ser um elemento de representação histórica e cultural, a dança de roda representa um momento de confraternização, de vivência de identidade, e sobretudo, de perpetuação de uma cultura de valor imensurável, que fomenta um espaço de socialização e de manutenção de narrativas que resistem ao avançar das épocas.

    Em trecho recitado por Dona Josefa, é afirmado que “a saúde do povo tá na palma da mão”. Embora aparentemente simples, a frase de Dona Josefa traz em sua natureza inúmeras discussões sobre saúde, territorialidade, ancestralidade e luta.

    Considerações finais: A partir da vivência relatada, reconhece-se as potencialidades que comunidades tradicionais detém, visível na relação com o território, com a espiritualidade, com a promoção da saúde e, sobretudo, com o compromisso em perpetuar suas narrativas históricas e contemporâneas a partir de abordagens coletivas. Discutir saúde é possível a partir de uma concepção ampliada e holística, que valorize o saber popular e a relação ancestralidade-territorialidade. Torna-se, portanto, fundamental a realização de espaços de vivências que fomentem um protagonismo de grupos sociais historicamente impostos a situações de vulnerabilidade.

  • Palavras-chave
  • Dança, ancestralidade, resistência, promoção de saúde.
  • Área Temática
  • Área da Saúde e afins
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A comissão organizadora do XIX Encontro Regional de Estudantes de Fisioterapia - EREFISIO torna público os resumos dos trabalhos apresentados durante o Encontro. 

Em 2018, o EREFISIO teve como eixo norteador o Trabalho, Fisioterapia e Sociedade e como tema "O fazer fisioterapêutico: os desafios da atuação no contexto de crise brasileira”. 

 

Boa leitura!

 

Erivaldo Santos de Lima - Coordenação geral do XIX EREFISIO

  • Área da Saúde e afins
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