Territorialidade, práticas e cuidados populares em saúde: vivência em saúde indígena

  • Autor
  • Joane Costa França
  • Co-autores
  • Rodrigo Cardoso dos Santos , Ricardo Cardoso dos Santos , Daniella Silva Pereira , Johnatan Weslley Araujo Cruz
  • Resumo
  • Introdução: Ao compreender o território e as territorialidades enquanto elementos estruturantes da cultura de povos tradicionais, torna-se necessário propor uma abordagem acerca de saúde que inclua esses fatores em suas discussões. A partir disso, afirma-se que comunidades indígenas figuram entre uma das principais representações que ainda utilizam práticas e cuidados tradicionais de saúde.

    Nessa perspectiva, reconhece-se a necessidade de fomentar espaços destinados à discussão da saúde de populações indígenas, que resgatem a ancestralidade e a construção da identidade desses povos, a partir da abordagem da relação território-ancestralidade-cuidado em saúde.

    Relato de experiência: Trata-se de uma vivência realizada na Aldeia Indígena Xokós, situada na Ilha de São Pedro, município de Porto da Folha, Sergipe, promovida pelo Movimento de Educação Popular em Saúde com alunos da graduação da Universidade Federal de Sergipe, bem como demais profissionais. O objetivo da vivência consistia em conhecer e experienciar as condições de vida e saúde, pautadas principalmente no cuidado, de povos indígenas. O grupo de viventes foi recebido em uma igreja católica localizada na comunidade, o que indica uma integração entre práticas religiosas de cunho católico e as religiões de matriz indígena. A recepção procedeu-se a partir de uma dança, o Toré, em que os homens da aldeia utilizam cocás de penas, lanças e pinturas.

    Os líderes da aldeia, o Cacique e o Pajé, apresentaram inúmeros relatos das vivências da  comunidade, a exemplo do hábito dos membros da aldeia de sentarem-se ao redor da fogueira, na mata, para narrar histórias e resgatar as vivências de seus antepassados.

    Há uma integração entre a Atenção Primária à Saúde (APS) com as tradições indígenas. Segundo o Pajé, há uma Secretaria de Saúde Indígena bem como uma Unidade Básica de Saúde (UBS) no território em que o mesmo é Agente Comunitário de Saúde.

    Observou-se que a comunidade mantém ainda outros hábitos tradicionais, a exemplo da utilização de fitoterápicos produzidos na própria comunidade. Embora preserve muitos elementos de sua ancestralidade, a aldeia possui grande influência da cultura urbana moderna.

    Impactos: A partir da vivência realizada foi possível experienciar uma concepção de saúde que transcende o modelo biomédico. Foi possível reconhecer as possibilidades existentes na relação entre o território e as territorialidades, aliados aos processos de cuidado em saúde. Possibilitou-se ainda uma desconstrução por parte dos viventes acerca da concepção de saúde e da própria noção de vida indígena, sendo fundamental para a formação humana e acadêmica. A presença APS no território auxiliou na inserção da comunidade na rede de saúde, reduzindo as iniquidades em saúde locais.

     

    Considerações finais: Considera-se que a vivência realizada foi exitosa, visto que possibilitou uma integração entre a Universidade com povos tradicionais, partindo da perspectiva do cuidado em saúde a partir das territorialidades e práticas populares. Torna-se fundamental o incentivo à construção de espaços como esse, de modo a possibilitar experiências que contribuam de forma positiva para a formação acadêmica e, sobretudo, humana dos atores envolvidos no processo, abordando a promoção da saúde de comunidades tradicionais enquanto eixo estruturante do processo de cuidado em saúde.

  • Palavras-chave
  • Saúde coletiva; saúde indígena; práticas populares.
  • Área Temática
  • Área da Saúde e afins
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A comissão organizadora do XIX Encontro Regional de Estudantes de Fisioterapia - EREFISIO torna público os resumos dos trabalhos apresentados durante o Encontro. 

Em 2018, o EREFISIO teve como eixo norteador o Trabalho, Fisioterapia e Sociedade e como tema "O fazer fisioterapêutico: os desafios da atuação no contexto de crise brasileira”. 

 

Boa leitura!

 

Erivaldo Santos de Lima - Coordenação geral do XIX EREFISIO

  • Área da Saúde e afins
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