O Brasil possui uma grande variedade de espécies de plantas alimentícias devido à sua localização demográfica e clima tropical, mas tamanha riqueza não é aproveitada em sua totalidade, o que acaba levando à perda de alimentos nutritivos e com grande potencial econômico. Sendo assim, este estudo objetivou realizar um levantamento bibliográfico sobre a importância ecológica, econômica e nutricional das Plantas Alimentícias Não Convencionais (PANC), além de articular discussões a respeito de sua relevância cultural e histórica. O método adotado foi o de revisão sistemática da literatura, consistindo na busca retrospectiva de artigos científicos. Para tal, foram utilizadas as bases de dados bibliográficos dos sites Google Acadêmico e SciELO, e apenas os estudos publicados no período de janeiro de 2008 a setembro de 2021 foram selecionados. As PANC apresentam-se como um meio viável para a proteção da biodiversidade, bem como a adoção de dietas saudáveis, potencialização da indústria de alimentos, valorização das tradições regionais e promoção da saúde e segurança alimentar. Elas são plantas que possuem uma ou mais partes comestíveis, que não são produzidas ou comercializadas em grande escala, cujo cultivo e uso caiu no esquecimento ou nunca foi incentivado. Pesquisas envolvendo ora-pro-nóbis, serralha, taioba, dentre outras, revelam-se promissoras para a indústria de alimentos, podendo ser utilizadas em pães, tortas, bolos, sorvetes, geleias, doces e bebidas. Além disso, as PANC dialogam com o campo da insegurança alimentar apresentando novas possibilidades de consumo e produção para a população mais vulnerável, identificada como as mulheres negras, indígenas e mães solo, visivelmente intensificada durante a pandemia de Covid-19. A alimentação faz parte de um processo associado a fatores biológicos, ecológicos, econômicos, políticos, religiosos e socioculturais. Diante disso, entender o contexto social e cultural no qual a planta se encontra é muito importante para respeitar o seu valor simbólico, evitar o seu processo de extinção e contribuir para o resgate das plantas alimentícias tradicionais. Esse trabalho conclui e indica que é possível que as PANC sejam o futuro da alimentação mundial, mas para isso deve haver maiores investimentos em pesquisas que disseminem os seus benefícios e incentivem o seu consumo para a população.
Comissão Organizadora
Manassés Neto
Luís Soria
ALEXANDRA SOUZA DE CARVALHO
Comissão Científica