Numa cidade baiana, em uma alfaiataria, o competente alfaiate, Ricardo R., argumentava com seu chefe: ? Justo agora? Estou para ser pai! Sr. Luiz, idoso, pele clara, família nobre, o patrão. Luiz, queria demitir o alfaiate para dar o cargo a seu sobrinho, pego sob efeito de drogas. O castigo seria trabalhar. De acordo com Luiz, a lição seria valiosa. Ricardo aos prantos viajou em suas memórias. Estava agora em 1978. Era um menino ainda. Lembrou de sua mãe que sofria alucinações e crises por conta da abusiva infância. Ele, ainda um menino espancado pela vizinha que o odiava. Sua mãe? Por falta de dinheiro, suicidou-se na manhã de Páscoa,1980. - Maldito seja o dinheiro e esse capitalismo que me rodeia desde a infância. Luiz deu uma gargalhada. ? Não posso fazer nada. Meus ancestrais lutavam para ficar longe desses opressores, aqui estou humilhado por um emprego. Quem disse que a escravidão acabo? Luiz interrompeu seus pensamentos. - Acabei de me lembrar que em uma das nossas companhias, no Rio de Janeiro, um dos melhores alfaiates faleceu. ? Qual a causa do óbito? --Algo a ver com diarreia, mas isso não importa! Vai querer a vaga? ? Pode contar comigo! Passado tempo, em 25 de março, 8 meses desde a partida da Bahia para a Baixada/RJ. Ricardo e sua esposa nunca sentiram tanta ansiedade, pois faltava exatamente 1 mês para a bênção de Deus cair sobre eles. Sua filha estava para nascer. No momento, surpreendentemente tranquilos, gargalhavam por conta de um senhor levemente alcoolizado falando bobagens em frente ao lixão próximo da sua casa. Cof, cof! Tossia a esposa de Ricardo. ? O que foi? Quer água? ? Não se preocupe, deve ser a poeira. Ricardo desconfiou. O semblante dela estava diferente havia algumas semanas. Seis dias após o ocorrido, Ricardo conversava com colegas do trabalho até que recebeu um telefonema. ? Sim, sou eu. Minha esposa, Malária? Como? E, naquela Páscoa, já não se encontrava ali o menino Ricardo, já era um triste homem, ajoelhado em um hospital, enquanto todos olhavam lamentando pela perda das duas pessoas mais importantes da sua vida.
São João de Meriti, foi a terra em que o Marinheiro João Cândido, líder da Revolta da Chibata, escolheu para viver os últimos anos de sua vida, e, o Festival Liteerário Internacional da Diáspora Africana de São João de Meriti (Flidam), um dos mais importantes e tradicionais festivais literários do Estado do Rio de Janeiro, é uma concreta opção que colabora com a democratização e ampliação de acesso à cultura, nesta década, e, a Academia de Letras e Artes de São João de Meriti, (Alasjm), por meio do Flidam, já trouxe à luz temas como: composição da produção literária e artística afrodescendente, violências simbólicas, igualdade racial, revolta dos malês, cultura banto, identidades negras, abolição, o papel do Brasil na diáspora africana, aquilombamento e a ampliação da política de cotas raciais. Nesta 11ª edição, a mesma terra do "Mestre Sala dos Mares" abordará o tema Racismo ambiental: ancestralidade, sustentabilidade e cidadania.
O racismo ambiental é uma das formas de racismo estrutural onde comunidades são vulnerabilizadas, deslocadas e submetidas a condições insalubres, uma modalidade de segregação que atinge populações pobres, negras e indígenas. Sendo necessário refletir para compreendê-lo enquanto mecanismo de reprodução da injustiça. Favelas, territórios indígenas, quilombolas e periféricos, tais como São João de Meriti, também sofrem com práticas ambientais agressivas que impactam diretamente as populações que ali residem. Logo, combater o racismo ambiental pressupõe valorizar, refletir e divulgar os conhecimentos e história dos nossos ancestrais contribuindo para o exercício de uma plena cidadania com direito a cultura, educação, saúde, saneamento básico e à natureza com qualidade de vida no ambiente em que vive.
Por este motivo que nesta edição do Flidam apresentamos o concurso literário Acadêmica Zilferoli, desta vez, exclusivamente para estudantes regularmente matriculados(as) em escolas públicas municipais, estaduais e federais do território de São João de Meriti do::
Ao realizarmos o concurso literário Acadêmica Zilferoli do Flidam deste ano acreditamos ser um mecanismo para estimular a criação literária e descobrir novos talentos que não encontram meios para editarem ou produzirem seus trabalhos, exercendo também o papel fundamental de aproximação entre o acadêmico e um autor iniciante que estuda em São João de Meriti.
Autor Corporativo
Professor Rodney, Dr. - https://linktr.ee/proferodney
Avaliadores
Mikes Oliver
Nice Neves
Ney Santos
Queila Contantino Pessoa Mallet
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