Muitos navios vieram para África, e nesses navios haviam homens muito malvados, eles levaram nossos irmãos, primos, tios, avós e os nossos pais. Tiraram da gente qualquer tipo de laço familiar , tiraram a nossa felicidade, tivemos que ter esperança, um sentimento novo, que para o nosso povo era desconhecido.
Quando tudo começou eu morava em Oyo, que fica perto de Benin, a minha casa fica em uma vila na cidade de Ketu, cidade que Oxossi é rei, havia muitos rituais, festas para o rei da nossa nação, em troca recebíamos fartura dentro de casa, e Oxossi nós livrava da morte, derrepente os brancos invadiram Ketu e ficaram 3 dias lá, não podíamos fazer as nossas orações, pois era errado ao vê deles.
Eu tenho 15 anos, meu nome é Oju Ayo, os olhos da alegria, minha mãe disse que escutou Oyá( deusa da guerra, dos ventos e do fogo) falar com ela, assoprou seus ventos suavemente, dizendo que eu era dela. A felicidade foi tanta para a minha mãe que o meu nome veio em mente.
A noite veio e o medo de ser levada, veio junto, parecia que eu estava sentindo o meu fim, e ele veio, um homem branco apareceu e me puxou pelo braço, foi me levando para fora da minha casa, e me colocou amarrada, depois ele levou eu e outras meninas para a cidade onde estava o navio.
No caminho eu fui me lembrando da minha vida, e de como ela era alegre, lágrimas começaram a escorrer pelo meu rosto, e deixando um rastro. Já era de manhã e a gente ainda não tinha chegado no navio, eu senti um vento suave me assopra, e uma voz falou comigo.
_ Sou eu, Oyá!.
_ Não tenha medo, vamos brincar!.
Eu comecei a chorar, e uma ventania começou, várias folhas voaram para cima dos homens brancos, as árvores começaram a cair, e alguns dos homens foram levados pelo vento, os outros fugiram, e Oyá apareceu em forma de menina, ela olhou para mim, e disse.
_ Oju Ayo, você me trás alegria!. E sorriu.
Depois Oyá voltou a ser o vento, e nos guiou até a cidade de Ketu, a minha mãe ainda estava lá, eu contei a história para ela, e agora sempre levamos até o Rio Oyá, para agradecer a menina brincalhona.
São João de Meriti, foi a terra em que o Marinheiro João Cândido, líder da Revolta da Chibata, escolheu para viver os últimos anos de sua vida, e, o Festival Liteerário Internacional da Diáspora Africana de São João de Meriti (Flidam), um dos mais importantes e tradicionais festivais literários do Estado do Rio de Janeiro, é uma concreta opção que colabora com a democratização e ampliação de acesso à cultura, nesta década, e, a Academia de Letras e Artes de São João de Meriti, (Alasjm), por meio do Flidam, já trouxe à luz temas como: composição da produção literária e artística afrodescendente, violências simbólicas, igualdade racial, revolta dos malês, cultura banto, identidades negras, abolição, o papel do Brasil na diáspora africana, aquilombamento e a ampliação da política de cotas raciais. Nesta 11ª edição, a mesma terra do "Mestre Sala dos Mares" abordará o tema Racismo ambiental: ancestralidade, sustentabilidade e cidadania.
O racismo ambiental é uma das formas de racismo estrutural onde comunidades são vulnerabilizadas, deslocadas e submetidas a condições insalubres, uma modalidade de segregação que atinge populações pobres, negras e indígenas. Sendo necessário refletir para compreendê-lo enquanto mecanismo de reprodução da injustiça. Favelas, territórios indígenas, quilombolas e periféricos, tais como São João de Meriti, também sofrem com práticas ambientais agressivas que impactam diretamente as populações que ali residem. Logo, combater o racismo ambiental pressupõe valorizar, refletir e divulgar os conhecimentos e história dos nossos ancestrais contribuindo para o exercício de uma plena cidadania com direito a cultura, educação, saúde, saneamento básico e à natureza com qualidade de vida no ambiente em que vive.
Por este motivo que nesta edição do Flidam apresentamos o concurso literário Acadêmica Zilferoli, desta vez, exclusivamente para estudantes regularmente matriculados(as) em escolas públicas municipais, estaduais e federais do território de São João de Meriti do::
Ao realizarmos o concurso literário Acadêmica Zilferoli do Flidam deste ano acreditamos ser um mecanismo para estimular a criação literária e descobrir novos talentos que não encontram meios para editarem ou produzirem seus trabalhos, exercendo também o papel fundamental de aproximação entre o acadêmico e um autor iniciante que estuda em São João de Meriti.
Autor Corporativo
Professor Rodney, Dr. - https://linktr.ee/proferodney
Avaliadores
Mikes Oliver
Nice Neves
Ney Santos
Queila Contantino Pessoa Mallet
academiadeletrasecultura@gmail.com