Introdução: Durante a Guerra Fria, ocorreram ditaduras conservadoras pela América Latina que vitimaram milhares de pessoas. No Brasil, o processo de redemocratização ocorreu de forma gradual e controlada pelos líderes da repressão, que garantiram para si uma autoanistia com relação aos diversos crimes cometidos durante o regime. Na Argentina, o fim do regime ocorreu por ruptura e, apesar da tentativa de seus líderes para se autoanistiar, parte dos membros das Juntas Militares posteriormente foi julgada e condenada pela Justiça do país. Outras medidas foram tomadas pelos presidentes posteriores ao governo ditatorial para assegurar a justiça, a memória e a verdade. Na contemporaneidade, a partir das Jornadas de Junho, ocorreu no Brasil uma escalada de ataques a pilares essenciais à existência e à manutenção da democracia, acompanhados de um revisionismo histórico marcado pela exaltação da Ditadura Civil-Militar. Objetivo: Analisar se há alguma relação entre o modo como ocorreu o processo de redemocratização do Brasil e os atos antidemocráticos ocorridos no país nos últimos dez anos. Metodologia: Pesquisa qualitativa e bibliográfica, a partir da leitura de artigos de autores diversos e de livros, além da utilização de notícias de variados portais. O método utilizado foi o hipotético-dedutivo, a fim de descobrir se há alguma relação entre as peculiaridades da redemocratização do Brasil e a ascensão de atos antidemocráticos ocorridos no país a partir das Jornadas de Junho. Resultados: A pesquisa apontou que há, de fato, relação entre o processo de redemocratização de um país e a cultura política de seu povo, de modo que quanto menor for a ruptura com o período ditatorial, maiores serão seus resquícios na posteridade. Conclusão: Enquanto a Argentina assegurou de forma mais efetiva a consolidação de sua democracia descolada dos resquícios ditatoriais, o Brasil conservou fragmentos expressivos do período em toda a sua estrutura. Assim, pode-se dizer que os momentos de instabilidade pelos quais a democracia brasileira perpassa há dez anos têm, em certa medida, relação com a condução da redemocratização ocorrida durante e após a Ditadura Civil-Militar de 1964-1985, visto que a memória e a visão coletivas acerca do período ficaram comprometidas e sujeitas a expressivas distorções.
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