INTRODUÇÃO: Os tumores de apêndice são raros, sendo a etiologia neuroendócrina a segunda mais comum. Apesar de raros, a incidência dos tumores neuroendócrinos de apêndice tem aumentado nos últimos anos, atingindo uma taxa de 0,15 a cada 100.000 pessoas, o que representa um aumento de 70 a 133% quando comparado à última década. Tais tumores são mais comuns em mulheres e costumam ser identificados incidentalmente durante o tratamento da apendicite aguda, com o diagnóstico ocorrendo em 1% de todas as apendicectomias. OBJETIVOS: O presente estudo busca avaliar os diversos critérios para abordagem cirúrgica dos tumores neuroendócrinos de apêndice, assim como o prognóstico pós cirurgia para essas neoplasias. MÉTODOS: Revisão da literatura pelas plataformas digitais Scielo e Pubmed, com artigos de 2018-2021. Utilizaram-se os descritores: "tumor neuroendócrino de apêndice", “tratamento cirúrgico". RESULTADOS: Os tumores de apêndice originam-se das células neuroendócrinas subepiteliais, possuem relação direta do tamanho com a carga tumoral e apresentam sintomatologia semelhante à apendicite aguda. A terapêutica instituída respalda-se sob classificações da European Neuroendocrine Tumor Society e American Joint Committee on Cancer, que levam em consideração o tamanho, localização, características histopatológicas, invasão do mesoapêndice, invasão vascular e a presença de metástases para definição da extensão cirúrgica. A terapêutica consiste em apendicectomia simples ou associada à hemicolectomia direita, com ou sem linfadenectomia e terapias complementares, como uso de antagonistas de somatostatina. Tumores com menos de 1 cm e sem fatores de agravo, como localização na base do apêndice, invasão linfovascular ou do mesoapêndice, podem ser tratados apenas com a apendicectomia e possuem prognóstico excelente, com uma sobrevida em 5 anos de 100%. Já a decisão terapêutica para os tumores entre 1 e 2 cm é mais desafiadora, visto que nesta faixa limítrofe, a taxa de metástases chega a 10%. Porém, tumores com mais de 1 cm, assim como aqueles que, independente do tamanho, possuem invasão vascular ou do mesoapêndice, em geral, são abordados com apendicectomia associada à hemicolectomia, além da investigação de metástases a distância. A localização do tumor também é importante para a decisão cirúrgica, visto que tumores localizados na base do apêndice (10% dos casos) possuem maior chance de ressecção incompleta apenas com a apendicectomia do que aqueles localizados no corpo (5-20%) ou final do apêndice (60-75%). O acompanhamento a longo prazo deve ser realizado com ressonância nuclear magnética, tomografia computadorizada ou ultrassom abdominal 6 meses após a cirurgia e, se negativo, repetido após 6 meses e, depois, anualmente. A dosagem de cromogranina A e de 5-HT na urina também podem ser utilizadas para o acompanhamento até 10 anos após a ressecção do tumor. CONCLUSÃO: O número de casos de tumores neuroendócrinos de apêndice sofreu um aumento substancial na última década e as diretrizes que orientam seu diagnóstico, classificação e tratamento ainda não são uniformes e se baseiam em poucos critérios. Dessa forma, estudos acerca do risco subjacente a esses tumores são essenciais a fim de padronizar uma abordagem correta e fundamentada e melhorar o prognóstico desses pacientes.
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Thiago Ruam Nascimento
gabriel jose lopes
Luisa reis dos cravos
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