Introdução: A cirurgia bariátrica é um procedimento abdominal realizado como uma medida terapêutica não conservadora para pacientes que não obtiveram resultados adequados com tratamentos conservadores. O principal objetivo desse procedimento cirúrgico é promover uma perda significativa de peso, reduzir a morbimortalidade associada à obesidade e melhorar a qualidade de vida dos pacientes. Embora a cirurgia bariátrica possa ser deveras eficaz, ela também pode apresentar várias complicações, tanto a curto quanto a longo prazo, sendo a infecção do sítio cirúrgico (ISC) uma das que gera mais preocupação. Pacientes obesos são especialmente suscetíveis a infecções devido a fatores como a presença de tecido adiposo excessivo, alterações no sistema imunológico e possíveis comorbidades associadas. Objetivo: O presente estudo tem como desígnio analisar os fatores relacionados à infecção do sítio cirúrgico em cirurgias bariátricas. O entendimento desses fatores é crucial para melhorar as práticas de prevenção e controle das infecções, visando a segurança dos pacientes e a eficácia do tratamento cirúrgico. Metodologia: A metodologia adotada para esta pesquisa consiste em uma revisão de literatura baseada na busca e análise de artigos publicados nos últimos 10 anos na base de dados PubMed. Foram utilizados os descritores “surgical site infection” AND “bariatric surgery” para localizar artigos relevantes. A busca inicial resultou em 279 artigos, dos quais 7 foram escolhidos para análise detalhada, seguindo critérios rigorosos de inclusão e exclusão, como o uso ou não de meta análise ou revisão sistemática e impacto do estudo analisado. Resultados: A ISC é uma das principais complicações da cirurgia bariátrica, estando associada a diversos fatores atenuantes e agravantes, sendo o estudo deles importante para a segurança do paciente. Os fatores que se mostraram agravantes do risco de infecção do sítio cirúrgico foram a realização de cirurgia aberta (laparotomia); tempo prolongado de cirurgia; paciente do sexo feminino, possuidor de hipertensão arterial sistêmica, diabetes mellitus (devido à hiperglicemia perioperatória) ou apneia do sono; e colocação rotineira de dreno cirúrgico. Os fatores que se mostraram atenuantes do risco de infecção do sítio cirúrgico foram a realização de videocirurgia (laparoscopia); a ampliação da cobertura antibiótica para pacientes alérgicos à penicilina, com uso de cefazolina; uso de chuveiros de gluconato de clorexidina (GHG) a 4%; e uso de lenços umedecidos de CHG imediatamente antes da cirurgia. Em relação ao uso de dreno em cirurgia bariátrica, ainda é um fator de discussão e discordância entre os autores, enquanto os demais fatores se mostram relevantes, de forma independente um do outro, para aumentar ou reduzir, respectivamente, o risco de ISC nesse tipo de procedimento. Conclusões: O risco de infecção do sítio cirúrgico em cirurgias bariátricas é influenciado por uma série de fatores, muitos dos quais podem ser modificados para melhorar os resultados. A implementação de um protocolo de segurança específico, incluindo um pacote de cuidados padronizado, é essencial para reduzir a taxa de infecções. Além disso, a atenção a fatores como o tipo de cirurgia, a escolha dos antibióticos profiláticos e as práticas de preparo pré-operatório podem contribuir significativamente para a segurança do paciente e a eficácia da cirurgia bariátrica. O contínuo aprimoramento das técnicas e abordagens de prevenção de infecções é fundamental para garantir melhores resultados e uma recuperação mais segura para os pacientes submetidos a esse tipo de procedimento.
Comissão Organizadora
Thiago Ruam Nascimento
gabriel jose lopes
Luisa reis dos cravos
Comissão Científica