Introdução: A apendicite aguda é a emergência cirúrgica mais comum durante a gestação que não está diretamente relacionada à obstetrícia, sendo mais frequente no segundo trimestre. Apesar de seus sinais e sintomas serem geralmente bem estabelecidos na população geral, o diagnóstico e o tratamento dessa condição em gestantes frequentemente apresentam desafios adicionais. Esses desafios decorrem das mudanças fisiológicas naturais da gravidez, que podem mascarar os sintomas clássicos da apendicite, como dor abdominal localizada no quadrante inferior direito, náuseas e inapetência, o que pode atrasar o diagnóstico correto. Esse atraso no diagnóstico é preocupante, pois a demora pode aumentar o risco de complicações graves, como perfuração do apêndice, peritonite e até a perda fetal. Objetivos: Analisar os principais fatores que contribuem para o atraso no diagnóstico e tratamento da apendicite aguda em gestantes, bem como sugerir abordagens que podem ajudar a melhorar os resultados clínicos. Metodologia: Revisão literária baseada em artigos científicos disponíveis nas bases de dados SciELO e PubMed. A pesquisa bibliográfica incluiu estudos publicados nos últimos dez anos, com foco em análises qualitativas e transversais sobre o tema. Resultados: Durante a gravidez, muitos sintomas da apendicite aguda podem ser erroneamente atribuídos a outras condições relacionadas à gestação, como as dores abdominais típicas do crescimento uterino ou desconfortos gastrointestinais. Além disso, o uso limitado de exames de imagem, como a tomografia computadorizada, por conta dos riscos de exposição à radiação para o feto, dificulta a confirmação do diagnóstico. A ultrassonografia, apesar de ser a primeira escolha na maioria dos casos, muitas vezes não é conclusiva, levando a um diagnóstico tardio. O tratamento conservador é outra questão relevante. Alguns profissionais optam por atrasar a cirurgia devido ao medo dos riscos inerentes às operações em gestantes, especialmente cirurgias intra-abdominais. No entanto, essa conduta pode aumentar o risco de complicações maternas e fetais. Quando a intervenção cirúrgica é necessária, a laparoscopia tem se mostrado uma abordagem eficaz e segura, oferecendo menor risco de complicações pós-operatórias e uma recuperação mais rápida. Conclusão: A apendicite aguda em gestantes apresenta desafios únicos no diagnóstico e tratamento, exigindo uma abordagem multidisciplinar para minimizar o risco de complicações. A valorização dos sintomas relatados pelas gestantes, associada ao uso criterioso de exames de imagem, pode ajudar a reduzir o atraso no diagnóstico e melhorar os desfechos materno-fetais. A cirurgia laparoscópica, quando indicada, deve ser considerada uma opção segura e eficaz.
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