O conteúdo lipídico de AG da série n-3 e n-6 presente na alimentação afeta diretamente a produção e o acréscimo tecidual de seus derivados, o ácido docosahexaenoico (DHA) e o ácido araquidônico (AA), respectivamente. Células microgliais, que monitoram a atividade sináptica, expressam tanto CB1 quanto CB2 de maneiras diferentes e também podem sintetizar eCB sob demanda em condições neuroinflamatórias. Neste trabalho investigamos o impacto da restrição dietética de DHA na microglia e no sistema eCB e os possíveis efeitos de uma suplementação precoce (P7 a P28) ou tardia (P28 a P49) com óleo de peixe (3g/Kg/dia). Fêmeas de ratos Lister Hooded receberam dieta com óleo de soja (n-3+) ou óleo de coco (n-3-) nas 5 semanas anteriores ao acasalamento e as ninhadas foram utilizadas. O ganho ponderal dos animais permaneceu inalterado em todos os grupos experimentais. A análise do perfil de AG indicou que a dieta n-3- promoveu uma redução seletiva no conteúdo de DHA no colículo superior (CS) e na retina e ambas as janelas de suplementação foram capazes de reverter esses efeitos. O grupo n-3- apresentou alteração da morfologia microglial e níveis aumentados de Iba-1 na retina e no CS. Dados preliminares sugerem que o grupo n-3- possui o conteúdo proteico do CB2 aumentado a partir de P14. Dados preliminares também sugerem que o grupo n-3- possui níveis aumentados da enzima óxido nítrico sintase induzível (iNOS) na retina e no CS e a suplementação precoce, mas não a tardia parece reverter esse efeito. Portanto, a restrição dietética de DHA interfere no sistema eCB e na microglia, podendo desencadear um rompimento da organização topográfica e da capacidade plástica, consistente com o papel dos AG como precursores de moduladores sinápticos envolvidos na estabilização de conexões no SNC.
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