No campo pesqueiro artesanal de estudo existe uma hierarquia simbólica que reconhece como pesca legítima aquela praticada em alto mar por homens. Em consequência, outras modalidades de pesca (de rio, lagoas, mangue, etc) – geralmente realizadas por mulheres – são preteridas dentro desse campo. A socialização neste contexto fez com que muitas mulheres naturalizassem que o mar não é o seu lugar de atuação legítima. Contudo, ainda assim observamos a atuação de pescadoras marítimas embarcadas. Nesse sentido, o presente trabalho objetivou verificar se essas mulheres rompem com a mentalidade sobre seu local de atuação ideal ou apenas seguem em uma diferente lógica de dominação. Para isso, foi realizada uma análise qualitativa dos dados por meio de um extenso levantamento bibliográfico e de incursões em campo na Ilha das Canárias – MA, Luís Correia – PI e Pedra do Sal – PI. A etapa de campo foi conduzida por meio de entrevistas com 5 pescadores e 5 pescadoras. A pesquisa realizada revelou a divisão do mar em espaços simbólicos de menor e maior prestígio - costa e “além costa” - o que incide no entendimento local de que pescadoras marítimas embarcadas são mulheres em busca de aventura. Desse modo, constata-se que à medida que as pescadoras adentram o mar embarcadas, rompem com a mentalidade de que este não é seu espaço legítimo de atuação, no entanto, ao realizarem a atividade em uma dinâmica familiar, reproduzem o seu lugar em um campo de menor prestígio, pois comumente só atuam na costa.
Comissão Organizadora
RAUIRYS ALENCAR DE OLIVEIRA
Tales Antão de Alencar de Alencar Carvalho
Gustavo Oliveira de Meira Gusmão
IVONEIDE PEREIRA DE ALENCAR
Antonio Gutemberg de Castro Ribeiro Neto
Samaira Cristina Souza Chagas
RAMALHO JOSÉ FERREIRA LEITE
Adriano Silva
ANA CAROLINA PINHEIRO DA SILVA
JAINE MARIA SILVA PARENTES
Florisa Rocha
Amanda Martins Veloso de Sousa
PEDRO PIO FONTINELES FILHO
Leidaiane do Nascimento Pereira
Mario de Sousa Oliveira
Andréa Conceição Gomes Lima
Marcos Assuero da Silva Cruz
Comissão Científica