Alterações bucais decorrentes do tratamento oncológico na região de cabeça e pescoço e o papel do cirurgião-dentista.

Alterações bucais decorrentes do tratamento oncológico na região de cabeça e pescoço e o papel do cirurgião-dentista.

• Autor
• Lorena Rodrigues Souza
• Co-autores
• Bruna Mendes Carvalho , Márcio Campos Oliveira
• Resumo

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  Introdução: No tratamento de neoplasias de cabeça e pescoço, a radioterapia e a quimioterapia, sozinhas ou combinadas, podem resultar em alterações na cavidade bucal. Para reduzir a possibilidade de complicações provocadas pelo tratamento oncológico, a intervenção do cirurgião-dentista antes, durante e após a terapia pode ser significativa para a melhoria da qualidade de vida do paciente, uma vez que as terapias podem comprometê-lo em nível nutricional, psicológico e estético. Objetivo: Revisar na literatura as alterações bucais mais prevalentes decorrentes do tratamento oncológico de cabeça e pescoço e a importância da intervenção do cirurgião-dentista. Método: Trata-se de revisão narrativa da literatura realizada por meio da pesquisa de artigos científicos no portal PubMed utilizando os descritores “oral manifestations” AND “treatment” AND “head and neck neoplasms” publicados entre 2015 e 2020 em inglês. Após a leitura, foram selecionados 11 artigos que abordavam o tema. Resultados: Pacientes em tratamento de câncer de cabeça e pescoço (CCP) têm o risco de desenvolver alterações bucais nos tecidos duros (dentes e osso alveolar), mucosa oral e demais tecidos moles, podendo causar dores e afetar a fala, deglutição e a mastigação, impactando diretamente na qualidade de vida do paciente. Os efeitos imediatos ao tratamento podem incluir a mucosite oral, disfagia, disgeusia e dor intensa. Já os efeitos de longo prazo podem incluir trismo, cárie por radiação, xerostomia por danos às glândulas salivares, saliva espessa e osteorradionecrose (ORN). Além disso, podem estar presentes dor e sangramento gengival, infecções fúngicas e virais; hipovascularização do tecido pulpar, dificuldade de cicatrização do tecido mole, atrofia e ulceração do epitélio, e alterações da ATM (articulação temporomandibular) e dos músculos da mastigação por conta da fibrose muscular. A avaliação da cavidade oral dos pacientes e a intervenção do cirurgião-dentista visam determinar as prioridades de tratamento odontológico, buscando evitar complicações. É recomendado o exame da mucosa oral, dentes (procurando identificar mobilidade, cáries e alteração na saúde pulpar) e periodonto, além da instrução de higiene bucal, dieta e cessação do uso de tabaco e álcool. Quando necessário, pode-se realizar aplicação tópica de fluoretos, selantes, restaurações dentárias, tratamento endodôntico, remoção de fontes de trauma e extrações (preferencialmente pela técnica atraumática para evitar ORN). O paciente deve estar ciente das abordagens, riscos e morbidades esperados durante o tratamento, especialmente as mais prevalentes: hipossalivação, mucosite, infecções fúngicas e ORN. Durante o tratamento do CCP e após o seu término, o paciente ainda necessita de acompanhamento com o cirurgião-dentista para reforçar a prevenção das complicações tardias ou realizar o seu diagnóstico precoce, proporcionando um tratamento o mais rápido possível. Conclusão: Com a prevalência das alterações bucais causadas pelas terapias antineoplásicas, os cirurgiões-dentistas, como integrantes da equipe multidisciplinar que tratam esses pacientes, têm um importante papel de informá-los acerca das alterações bucais decorrentes do tratamento, detectar alterações, fatores de risco, e instruir acerca da higiene bucal e hábitos que ajudam à preservar a saúde oral, facilitando o tratamento oncológico e proporcionando melhores prognósticos e qualidade de vida aos pacientes.

• Palavras-chave
• Manifestações bucais, Neoplasias de cabeça e pescoço, Protocolos antineoplásicos.
• Área Temática
• Oncologia

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