Xenoenxerto de Tilápia-do-Nilo como curativo oclusivo no tratamento de queimaduras térmicas

Xenoenxerto de Tilápia-do-Nilo como curativo oclusivo no tratamento de queimaduras térmicas

• Autor
• Mariana Vieira de Andrade
• Co-autores
• Eduardo Cerchi Barbosa , Ana Júlia Martins Lauck , Luísa Nunes Roriz , Miguel Rassi Fernandes Lopes , Arthur André Hartmann
• Resumo

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  Introdução: A queimadura corporal é uma lesão de tecidos orgânicos em decorrência de um trauma de origem térmica, podendo ser classificada em primeiro, segundo e terceiro grau. Atualmente, o tratamento preconizado pela rede pública brasileira para queimaduras é realizado com o uso de pomada de sulfadiazina de prata e curativos, em sua maioria, oclusivos.  Sabe-se que o curativo ideal para essas lesões é aquele que conta com fácil obtenção, boa aderência, baixo custo e que previne as perdas hidroeletrolíticas e a contaminação bacteriana. Como alternativa para os curativos sintéticos, que possuem alto custo, pesquisas com materiais biológicos vêm sendo feitas nos últimos anos. Nesse sentido, uma opção encontrada por médicos e pesquisadores brasileiros foi o uso de xenoenxerto (enxerto cirúrgico de tecido de uma espécie distinta) de pele da Tilápia-do-Nilo (Oreochromis niloticus), no tratamento de queimaduras (especialmente de 2° grau) após ser processada, descontaminada e esterilizada. Essa espécie possui características semelhantes à pele humana, morfo e histologicamente, e é muito rica em colágeno tipo I, fatores que possibilitam o sucesso no tratamento. Objetivo: Esse estudo tem como objetivo analisar a eficiência do uso de pele de tilápia para o tratamento de queimaduras em humanos e os benefícios desse procedimento. Método: Para realizar essa revisão de literatura, foram utilizados artigos obtidos em pesquisas nas bases de dados virtuais (Biblioteca Virtual de Saúde, PubMed e Google Acadêmico), utilizando os Descritores em Ciência e Saúde (DeCS) “Queimadura”, “Tilápia” e “Terapêutica” entre os anos de 2017 e 2020. Resultados: Após a pesquisa, constatou-se que o epitélio pavimentoso estratificado da tilápia é composto por extensos feixes de colágeno compactados, longos e organizados, com disposição paralela e transversal, predominantemente do tipo I, que estimula o organismo do paciente a liberar Fatores de Crescimento de Fibroblastos (FGF) e Fatores de Crescimento de Queratinócitos (KGF), ambos essenciais para o fechamento das feridas. Além disso, estudos realizados em humanos mostraram que, apesar do tempo de recuperação e a dor durante a troca de curativos ser similar ao que ocorre na conduta terapêutica padrão (pomada de sulfadiazina de prata), a dor após a troca dos curativos se mostrou diminuída em 86,7% dos pacientes que utilizaram a pele de tilápia como tratamento. Outro benefício observado é que em 60% dos pacientes não houve a necessidade de troca das peles em nenhum momento do tratamento (que dura em média 14 dias), o que leva a um menor risco de infecção, menor custo e menos dor para o paciente. Somado a isso, a pele de tilápia, quando bem aderida, cria uma espécie de tampão que evita a perda de líquidos e a contaminação por microorganismos. Conclusão: É notório, portanto, que os enxertos de pele de tilápia se configuram como uma alternativa viável para o tratamento de queimados, especialmente quando se considera o preço reduzido desse material - que é produzido em larga escala no nosso país - e o maior conforto ao paciente durante o tratamento.  

   

• Palavras-chave
• Queimaduras, Terapêutica, Tilápia
• Área Temática
• Clínica Médica

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