O acesso à saúde pelas minorias sexuais no brasil: uma revisão à luz da literatura

O acesso à saúde pelas minorias sexuais no brasil: uma revisão à luz da literatura

• Autor
• Gabriela Milhomem Ferreira
• Co-autores
• Luiz Felipe Castro Vaz Poloniato , Marcela Ribeiro Goulart , Nívea Maria Carvalho Coutinho , Ana Carolina Tocantins Albuquerque , Marília Karolyne Dias Pires
• Resumo

• Introdução: A orientação sexual e a identidade de gênero estão associadas a comportamentos sexuais e sociais específicos, intrinsecamente relacionados à saúde devido às demandas particulares. Nesse cenário, destacam-se as minorias sexuais e de gênero, que ainda enfrentam diversas dificuldades no acesso à saúde, apesar da existência da Política Nacional de Saúde Integral de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais (LGBT), que garante saúde integral a essa população. Além disso, o acesso à saúde é direito de todos. Objetivos: Esse estudo objetiva analisar, na literatura, aspectos do acesso à saúde pelas diversas minorias sexuais e de gênero no Brasil. Métodos: Realizou-se uma revisão integrativa nas bases de dados “SciElo”, “MEDLINE” e “Google Acadêmico”. Foram incluídos neste estudo 11 artigos, todos publicados na íntegra, que atendessem o objetivo proposto, publicados entre 2016 e 2020, selecionados através dos descritores científicos: acesso aos serviços de saúde; atenção primária à saúde; minorias sexuais. Resultados: Identificou-se, na literatura, que o acesso aos serviços de saúde pela população LGBT é dificultado por constrangimentos e preconceitos, destacando-se a exclusão, o desamparo, a omissão e a indiferença como queixas desse público. Destaca-se que a homossexualidade masculina foi relacionada com a Síndrome da Imunodeficiência Adquirida desde 1980, devido à disseminação de ideias negativas sobre essa população, tendo a síndrome sido denominada doença gay, discurso preconceituoso que se perpetua nos sistemas de saúde até hoje. Estudos brasileiros mostram que uma parcela considerável de enfermeiros e médicos do Sistema Único de Saúde (SUS) não apresenta conhecimento em relação às demandas específicas das minorias sexuais e de gênero, dando ênfase na inabilidade de comunicação e na omissão, em especial no que diz respeito às lésbicas. Ressalta-se que doenças como o câncer de mama e de colo de útero são agravadas devido à pouca utilização dos serviços de saúde por essas mulheres. A literatura aponta que a ansiedade vivida por lésbicas, desencadeada pelo medo e pela expectativa de rejeição devido à homofobia são motivos citados como desencadeantes do uso abusivo de drogas, o que aumenta o índice de doenças crônicas dessa população. Além disso, nota-se que a gestão de unidades de saúde apresenta pouco conhecimento acerca da demanda dessa população e não se enxerga como responsável direto pelo cuidado a essa minoria. Conclusões: O cenário brasileiro de acesso à saúde pelas minorias sexuais e de gênero apresenta-se fragilizado, demonstrando que as práticas profissionais, ainda, são heteronormativas, resultando em um atendimento não integral e muitas vezes preconceituoso e discriminatório. Além disso, apesar de existirem políticas públicas específicas para esse público, uma grande parte de profissionais não as conhecem ou as ignoram. Portanto, torna-se urgente que se tenha amplitude na realização de capacitação para os profissionais da rede de saúde, para que possam assistir às minorias sexuais e de gênero e difundir conhecimento acerca das demandas específicas, para tornar o atendimento humanizado para essa minoria.

   

• Palavras-chave
• acesso aos serviços de saúde, atenção primária à saúde, minorias sexuais.
• Área Temática
• Clínica Médica

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