Perfil epidemiológico da coinfecção tuberculose-HIV em crianças de 0 a 14 anos no Brasil

Perfil epidemiológico da coinfecção tuberculose-HIV em crianças de 0 a 14 anos no Brasil

• Autor
• Isabel Cristina Borges de Menezes
• Co-autores
• Joaquim Ferreira Fernandes , Maria Clara Rocha Elias Dib , Mercielle Ferreira Silva Martinelle , Raquel Rios de Castro Pontes , Antonio Márcio Teodoro Cordeiro Silva
• Resumo

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  Introdução: A coinfecção tuberculose-HIV, desde 1980, emerge como importante problema de saúde pública, pelo fato da tuberculose (TB) ser responsável por 32% de todas as mortes relacionadas ao vírus HIV (1). A alta prevalência desse quadro, em crianças, diz respeito, principalmente, à transmissão horizontal do vírus HIV e a fatores ambientais e socioeconômicos (2). Dessa forma, abordar a epidemiologia desse quadro é imprescindível para o controle desta condição, seja no âmbito assistencial, de vigilância epidemiológica ou programática (3). Objetivos: Determinar o perfil epidemiológico da coinfecção TB-HIV, em crianças de 0 a 14 anos, entre 2001 e 2019, no Brasil. Métodos: Trata-se de estudo epidemiológico, realizado por meio de dados do Sistema de Informações de Agravos de Notificação (SINAN). Utilizou-se os filtros: sexo, idade, encerramento da situação, tabagismo, uso de drogas ilícitas e AIDS; associados aos filtros: HIV e idade de 0 a 14 anos, entre 2001 e 2019, por região, no Brasil.  Foi utilizado software BioEstat® 5.3, para a aplicação do teste do qui-quadrado para comparar a distribuição da doença entre as faixas etárias e os anos, com nível de significância de 5%. Resultados: Foram notificados 2.443 casos de coinfecção TB-HIV, em crianças de 0 a 14 anos, entre 2001 e 2019, no Brasil. Houve predomínio de casos na região Sudeste (45,2%), seguida das regiões: Nordeste (22,0%),  Sul (18,9%), Norte (9,6%) e Centro Oeste (4,1%). No ano de 2001, foram notificados 187 casos, que decresceram até 2015, com 69 casos, configurando decréscimo de 63,1%. A partir de 2016, as notificações aumentaram, gradativamente, até o ano de 2019, em que foram notificados 96 casos, configurando acréscimo de 28,1% em comparação ao ano de menor prevalência (2015). A etnia mais acometida foi a parda (35,0%), seguida das etnias: branca (24,9%), preta (12,4%), indígena (0,6%) e amarela (0,5%); os casos ignorados não foram considerados. Não houve diferença importante entre os sexos feminino (47,9%) e masculino (52,1%). A faixa etária mais acometida foi entre 10 e 14 anos (31,5%), contudo, houve uma diferença estatística entre a distribuição da doença após 2014 (p<0,0001), sendo que a faixa etária mais acometida, após esse período, tornou-se a menor que 1 ano (32,4%). Em relação aos fatores ambientais, 7,2% das crianças eram tabagistas e 6,5%, usuárias de drogas ilícitas; contudo, deve-se ressaltar a subnotificação desses dados, devido à maioria (80,4% e 80,6%, respectivamente) pertencer aos ignorados. No que tange ao vírus HIV, 88,0% das crianças coinfectadas por TB-HIV, tinham AIDS. Em relação ao encerramento da situação, devidamente notificado: 53,6% foram curadas da TB; 10,6% abandonaram o tratamento; 2,8% evoluíram a óbito, por TB; e 9,1% evoluíram a óbito, por outras causas. Conclusão: As notificações, até 2015, diminuíram. Contudo, voltou a aumentar, nos últimos 4 anos, com mudança na distribuição por faixa etária; fato que pode estar associado ao aumento da transmissão horizontal, pelo vírus HIV, e aos déficits na vacinação contra a TB. A alta taxa de abandono ao tratamento e a grande porcentagem de óbitos devem ser problematizadas.

   

• Palavras-chave
• Coinfecção, Pediatria, Doenças Negligenciadas.
• Área Temática
• Clínica Médica

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