INTRODUÇÃO: Câncer é o nome dado a um conjunto de mais de 100 doenças que têm em comum o crescimento desordenado de células, que invadem tecidos e órgãos, dividindo-se rapidamente. Estas células possuem características agressivas e incontroláveis, ocasionando a formação de tumores malignos, com a capacidade de invadir outras regiões do corpo, ocasionando metástases a distância (AVILA, 2017). Nos dias atuais é considerada a maior causa de morte em todo o mundo, seu tratamento é complexo, multidisciplinar e diretamente ligado ao tempo de diagnóstico, estadiamento clínico, características patológicas da neoplasia maligna, fatores preditivos e prognósticos (FONSECA, et al. 2019). Como opções de tratamento dispomos de cirurgias, radioterapia, hormonioterapia e quimioterapia. Dentre estas à quimioterapia está entre a mais utilizada, sobre a terapia antineoplásica, vale ressaltar que, para garantia de uma redução de danos e melhor segurança do paciente nas ações relacionadas ao processo, quando indicada por via endovenosa, deve ser observado alguns aspectos, como: A definição das drogas, duração do tratamento, frequência de uso e condições do acesso venoso. Dentre os dispositivos de acesso a rede venosa os do tipo cateter venoso central (CVC) são: CVC de inserção periférica, CVC de curta duração inseridos por punção de uma veia central, CVC semi-implantaveis e os CVC totalmente implantados do tipo port-a-cath. A utilização deste é uma das opções mais utilizadas na terapia antineoplásica em oncologia sendo os do tipo port-a-cath os mais amplamente recomendados devido os inúmeros benefícios do mesmo, entretanto seu uso não é livre de complicações, momento esse que o profissional de enfermagem em especial o enfermeiro assumi a responsabilidade de garantir uma assistência de qualidade (FONSECA, et al. 2019). Durante a realização do tratamento oncológico e seu manejo, são necessários cuidados indispensáveis que deverão ser ofertados a esse indivíduo, como por exemplo a disponibilidade de um acesso venoso pérvio e confiável, tido como um dos fatores importantes na terapia antineoplásica, diante das complicações que podem ocorrer em um evento de extravasamento de uma droga vesicante ou irritante, podendo levar ao prolongamento e ou adiamento do tratamento oncológico devido ao tratamento das lesões que possam ocorrer. Ainda mais que constantemente, tais pacientes apresentam rede venosa fragilizada devido à constante agressão e exposição a fármacos além das repetidas punções. O avanço da tecnologia na área médica oferece a esses pacientes a inserção de um cateter venoso central totalmente implantável (CVC-TI), que possibilita a não exposição à intercorrências referentes à fragilidade venosa entre outros riscos que poderão acometer o paciente (AVILA, 2017). Uma assistência de enfermagem em oncologia precisa estar pautada em práticas elaboradas a partir de um integrado sistema de cuidados e protocolos embasados por meio teórico possibilitando a realização das ações de enfermagem embasadas em evidências. Esses dispositivos necessitam de manutenção periódica a fim de evitar complicações como: infecções, obstruções, rompimentos dentre outros, ações essas que ao longo dos anos e de estudos sofreram atualizações e novas recomendações, justificando assim a necessidade de adequação do protocolo institucional de manutenção do CVC-TI. Existe hoje várias recomendações, estudos e guidelines internacionais que servem como guia para essa assistência, porém quando o assunto é qual solução usada para garantir a sobrevida do cateter mantendo sua permeabilidade, as dúvidas persistem, isso se dá devido às várias opções e práticas diferentemente realizadas (SANTOS et al. 2015). OBJETIVO: Descrever a experiência na implantação do novo protocolo de manutenção de CVC-TI do tipo port-a-cath. METODOLOGIA: Trata-se de um relato de experiência da implantação de um novo protocolo institucional seguido de um procedimento operacional padrão para manutenção de cateter do tipo port-a-cath (CVC-TI) em um Centro de Alta Complexidade em Oncologia na cidade de São Luís no Estado do Maranhão. Deu-se início a partir da pesquisa bibliográfica em artigos, relatos e pesquisas que explorassem a temática, a fim de levantar as novas recomendações de assistência voltadas a este dispositivo. Após fora realizado uma troca de experiência com outros centros e clínicas de tratamento oncológico da cidade de São Luís a fim de coletar as técnicas utilizadas e as experiências vivenciadas a fim de correlacionar com as novas recomendações e as condutas atualmente realizadas na instituição. Após esta etapa os resultados foram apresentados aos diretores médico, oncológico, enfermagem e financeiro para apreciação, aprovação e aplicação do protocolo. Após aprovação fora iniciado o processo de treinamentos dos enfermeiros para iniciar a aplicação prática do novo protocolo denominado de: Salinização de port-a-cath. RESULTADOS E DISCUSSÕES: Durante anos o procedimento de manutenção dos cateteres do tipo port-a-cath foi realizado a parti da heparinização, utilizando heparina a uma dose de 5000UI/ML sendo desses 2 ml da solução diluídos em 9,8 ml de água destilada a fim de manter pérvio a luz do cateter em um intervalo de 30 dias, procedimento esse não custeado pelo sistema único de saúde (SUS), levando aos pacientes um custo mensal de 185,00 reais. Durante a troca de conhecimento realizado com outros centros e clínicas de tratamento oncológico fora observado que éramos a única instituição entre as contactadas que ainda utilizava a prática de heparinização. Diante das atualizações, da diferença de rotinas realizadas em outras instituições viu-se a necessidade de adequação as novas práticas de assistências a esses pacientes portadores de CVC-TI. Assim os estudos mais recentes mostram que o uso do cloreto de sódio a 0,9% em técnica de turbilhonamento aplicando pressão positiva substitui sem prejuízos o uso de heparinização. Assim como o estudo de Homo e Lima (2018) relatam que a manutenção da permeabilidade do CVC-TI, pode ser realizada utilizando o cloreto de sódio 0,9% como substituição a heparina, uma vez que os dois apresentam resultados positivos em relação à finalidade e eficácia, onde o cloreto de sódio ainda possui a vantagem de ser mais seguro por evitar os riscos do uso de anticoagulantes. Em concordância Santos et al. 2015, em uma revisão sistemática evidenciou, que a concentração de heparina, por si só, não está relacionada com a melhoria das taxas de permeabilidade do cateter venoso central, ressaltando ainda seus efeitos sistêmicos que poderiam ser um problema ao contribuir para o desenvolvimento de trombocitopenia, e que o soro fisiológico não apresenta os riscos em detrimento a heparina como: trombocitopenia e hemorragia, sem esquecer das diferenças de diluições utilizadas, inconsistências de protocolos e doses ou até mesmo erros de preparo dessas medicações. Em contrapartida, a utilização do cloreto de sódio 0,9% foi suficientemente positiva, não apresentando diferença significativa entre a sua eficácia, quando comparado com a heparina, e possuindo menores riscos de complicações aos pacientes. Homo e Lima, 2018 ainda explicam que somando se o dado da literatura que mostra os benefícios da utilização do cloreto de sódio para a manutenção da permeabilidade dos cateteres tem ainda o fator econômico positivo, uma vez que a substituição da heparina pelo soro fisiológico acarretará a redução de custos associados à manutenção da qualidade do procedimento e da segurança do paciente. O que se pode perceber na prática no hospital do estudo uma vez que os pacientes passarão a pagar o valor de 150,00 reais por manutenção mensal, isso se deu devido à diminuição do valor gasto pelo hospital na aquisição dos materiais necessários ao procedimento. Concorda-se então que diante da alta complexidade que as instituições de saúde trabalham, é sempre necessário adotar instrumentos econômicos, gerenciais e financeiros para sua administração, a fim de manter um controle financeiro/orçamentário gerando ganhos de eficiência e efetividade. A utilização do custeio por procedimento é um método útil para estabelecer o preço médio de cada procedimento em saúde, estimando custos para negociação de pacotes, bem como contribuir para a determinação da rentabilidade, estimulando o controle e a redução de custos (HOMO; LIMA, 2018). CONSIDERAÇÕES FINAIS: Configura-se um desafio diário a prática da enfermagem oncológica a necessidade de acesso venoso viável e seguro, uma vez que a inexistência dele configura em dificuldades terapêuticas, além de riscos e aumento de custos, nesse sentido implementar métodos que facilitem e garantam esse cuidado torna-se crucial. As evidências cientificas e as trocas de experiências assim como a realidade vivenciada permitiu na adesão da prática de salinização dos cateteres do tipo port-a-cath em nossa unidade, visto que os benefícios em utilizar o cloreto de sódio se sobressaem, além de não existir vantagens significativas na utilização de heparina. Enfatizamos que será realizado um acompanhamento do comportamento dos cateteres dos nossos pacientes quanto a mudança do procedimento, avaliando as possíveis obstruções e ou necessidades de retiradas do dispositivos por causa obstrutiva. Vale ressaltar a necessidade de um trabalho de divulgação e conscientização por parte das equipes aos pacientes que já possuem uma cultura e rotina de heparinização dos cateteres, dessa forma incentivar a mudança ativa da nomenclatura nas solicitações e prescrições como também da utilização do termo salinização nas consultas e conversas, realizar também um processo educativo a fim de esclarecer possíveis dúvidas e questionamentos quanto a efetividade do novo procedimento, para assim auxiliar o processo de aceitação. Concluímos então que a padronização do processo de manutenção dos dispositivos de longa permanência do tipo totalmente implantados assegura a enfermagem uma prática universal e pautada em princípios éticos e científicos sólidos.
Descritores: Oncologia, Enfermagem oncológica, Dispositivos de acesso vascular.
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Conselho Regional de Enfermagem do Maranhão
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