A Economia Solidária (ESOL) emerge, a partir da década de 1990, como uma estratégia para enfrentar a exclusão social e a precarização do trabalho de grupos marginalizados, inclusive as mulheres, promovendo autogestão, democracia e justiça social e, portanto, a ESOL pode ser uma ferramenta para romper a divisão sexual do trabalho e promover a autonomia financeira feminina, rompendo com a subalternidade das mulheres, especialmente as negras.
Nos Empreendimentos Econômicos Solidários (EES), a forte presença feminina leva a discussões sobre desigualdades de gênero. Muitos EES são iniciados por e destinados a mulheres, devido à necessidade de conciliar responsabilidades e dificuldades de acesso a crédito. Esses empreendimentos, frequentemente em áreas como alimentação e costura, oferecem um espaço para o enfrentamento da subalternidade e o desenvolvimento de redes de cooperação.
A autonomia feminina aqui discutida é definida como a capacidade de tomar decisões livres e informadas sobre a própria vida, no entanto, fatores vinculados a questões de gênero, raça e classe, como a divisão sexual do trabalho, o racismo e a dificuldade de acesso a liberdade financeira podem limitá-la, especialmente para mulheres pobres e negras, enquanto as redes de apoio, como as amizades formadas em EES, bem como a geração de renda desses espaços, são cruciais para a formação autônoma dessas mulheres.
Por isso, este trabalho tem como objetivo geral traçar uma discussão sobre a relação entre a ESOL e as potencialidades, desafios e limites da autonomia da mulher a partir da Economia Feminista, analisando os dados socioeconômicos de empreendimentos econômicos solidários de Araraquara, bem como a partir de entrevistas com mulheres cooperadas ou associadas de empreendimentos solidários femininos no mesmo município, seguindo uma linha interseccional. A metodologia utilizada foi de revisão bibliográfica, entrevistas semiestruturadas com mulheres integrantes de empreendimentos solidários femininos e uma análise de dados socioeconômicos.
Durante a pesquisa, as entrevistas indicaram que há formação de fortes laços de amizade e um ambiente acolhedor nos EES, que funcionam como redes de apoio informais. Ao mesmo tempo, os dados socioeconômicos indicam que há geração de renda para mulheres que antes não possuíam, ou se possuíam, eram de auxílios governamentais. Conclui-se que a ESOL promove autonomia financeira e redes de apoio, mas há potencial para expandir seu impacto em outras dimensões da autonomia feminina.
Comissão Organizadora
Congresso Cooperativismo
Fernando Rocha
Uziel Barbosa
Comissão Científica