O papel das cooperativas no desenvolvimento sustentável
As cooperativas podem ocupar uma posição estratégica para promover o desenvolvimento sustentável, especialmente por sua atuação enraizada nos territórios, sua cultura voltada à solidariedade e sua capacidade de gerar capital social (ONU, 2025). Fundamentadas em princípios e valores (OCB, 2025), as cooperativas têm potencial para se posicionar como agentes indutores de práticas sustentáveis, inclusive na gestão de suas cadeias de fornecedores. Adotar o papel de empresa focal significa assumir liderança nesta cadeia, coordenando fluxos de informação, disseminando padrões éticos, incentivando boas práticas para o desenvolvimento sustentável (Seuring; Müller, 2008). Este artigo visa contribuir para que uma Cooperativa de Crédito se torne uma referência de empresa focal na gestão sustentável da cadeia de fornecedores, com um estudo de caso em instituição financeira cooperativa do Sistema Sicredi. A pesquisa está fundamentada por conteúdos institucionais (ONU e OCB) que reconhecem a expressão das cooperativas; por pesquisas via Fipe para validar o impacto das cooperativas de crédito; rankings como B3 para identificar empresas de referência em sustentabilidade; além de autores que conceituam os temas relacionados ao desenvolvimento sustentável, como Boff (2016), Veiga (2015), Belinky (2022) e Elkington (2018). Foram referenciados ainda Broman (2017), Cartner (2008) e Dias (2012), que escrevem sobre a estruturação da sustentabilidade na cadeia de suprimentos, Seuring e Muller (2008) conceituando empresa focal em sustentabilidade, e Sterling (2010) considerando a educação para o desenvolvimento sustentável. A metodologia caracterizou um estudo de caso, com pesquisadora participante. Os procedimentos metodológicos incluíram revisão da literatura, observações a partir de reuniões, capacitações e análises na cooperativa, com o objetivo de identificar oportunidades, lacunas ou desafios a serem superados. Os estudos realizados contribuíram para identificar que a sustentabilidade está cada vez mais presente nos discursos e valores institucionais, mas carece de estruturas organizacionais e operacionais para uma gestão de fornecedores com critérios ESG. Soma-se a isso a heterogeneidade dos fornecedores — inclusive associados — que enfrentam restrições de tempo, conhecimento e recursos. Apesar dessas barreiras, identifica-se oportunidades para que a cooperativa transcenda sua atuação de microambiente para macroambiente com a gestão sustentável da sua cadeia de fornecedores e promova inovação. Destaca-se a importância da cultura e governança para o desenvolvimento da estratégia de sustentabilidade em todos os níveis da cooperativa, por meio da educação e de uma estruturação, a exemplo das empresas de referências, que viabilize um processo formativo, normativo, de qualificação e suporte junto à cadeia de fornecedores.
Comissão Organizadora
Congresso Cooperativismo
Fernando Rocha
Uziel Barbosa
Comissão Científica