Introdução
A nanotecnologia tem revolucionado o desenvolvimento de medicamentos, especialmente no que diz respeito à liberação controlada de fármacos, promovendo maior eficácia terapêutica e redução de efeitos adversos. Estudos recentes demonstram que nanopartículas, lipossomas e polímeros podem ser utilizados como veículos de entrega que direcionam os medicamentos diretamente ao tecido-alvo, melhorando a biodisponibilidade e minimizando a toxicidade sistêmica (Saraiva et al., 2016). Este trabalho visa revisar as aplicações da nanotecnologia farmacêutica no desenvolvimento de tratamentos para doenças complexas, como o câncer e doenças neurodegenerativas, baseando-se em evidências da literatura científica.
Métodos
Foi realizada uma revisão integrativa da literatura utilizando as bases de dados PubMed, Scopus e Web of Science. Foram selecionados estudos publicados entre 2018 e 2023 que investigaram a utilização de nanopartículas em sistemas de liberação controlada de fármacos, com foco nas aplicações em oncologia e doenças neurodegenerativas. Os critérios de inclusão foram artigos que discutem a eficácia, segurança e benefícios das nanopartículas no tratamento dessas condições. Estudos duplicados ou sem relevância clínica foram excluídos.
Resultados
As evidências revisadas indicam que as nanopartículas, como lipossomas e polímeros biodegradáveis, têm mostrado resultados promissores em tratamentos de câncer. Por exemplo, a formulação lipossomal da doxorrubicina (Lipodox) demonstrou menor cardiotoxicidade em pacientes oncológicos, devido à liberação controlada do fármaco diretamente no tumor, minimizando danos ao tecido saudável (Barenholz, 2012). Além disso, nanopartículas à base de polímeros têm sido eficazes na travessia da barreira hematoencefálica, o que melhora a entrega de medicamentos para o tratamento de doenças neurodegenerativas, como Alzheimer e Parkinson (Saraiva et al., 2016).
Em relação à biodisponibilidade, nanopartículas de polímero têm sido empregadas para aumentar a solubilidade de fármacos hidrofóbicos. Um estudo realizado por Mishra et al. (2020) demonstrou que nanopartículas de ácido poliláctico-co-glicólico (PLGA) aumentam significativamente a biodisponibilidade de fármacos antitumorais. A nanotecnologia também foi aplicada no desenvolvimento de formulações personalizadas de quimioterápicos, permitindo maior precisão na dosagem e reduzindo os efeitos colaterais frequentemente observados em tratamentos convencionais.
Discussão
A nanotecnologia farmacêutica representa um avanço significativo no tratamento de doenças crônicas e de difícil manejo. No contexto do câncer, as nanopartículas possibilitam a administração de doses menores de quimioterápicos, devido à sua capacidade de se acumularem seletivamente no tecido tumoral por meio do efeito de permeabilidade aumentada e retenção (EPR) (Maeda, 2013). Essa seletividade aumenta a eficácia terapêutica e reduz a toxicidade sistêmica, como demonstrado no uso da doxorrubicina lipossomal, que diminui a cardiotoxicidade em comparação com a versão convencional do medicamento.
Além disso, as nanopartículas têm mostrado bons resultados no tratamento de doenças neurodegenerativas, que apresentam desafios na entrega de medicamentos devido à barreira hematoencefálica. Nanopartículas à base de PLGA, por exemplo, conseguem atravessar essa barreira e liberar fármacos diretamente no sistema nervoso central, oferecendo uma abordagem mais eficiente no tratamento de condições como o Alzheimer (Saraiva et al., 2016). No entanto, ainda existem desafios, como a necessidade de maior compreensão sobre a toxicidade a longo prazo das nanopartículas e o desenvolvimento de regulamentos mais rigorosos para a aprovação desses medicamentos inovadores.
Conclusão
A nanotecnologia farmacêutica inaugura uma nova era de tratamentos mais eficazes e precisos, especialmente na oncologia e em doenças neurodegenerativas. A liberação controlada de medicamentos por nanopartículas reduz os efeitos adversos e aumenta a eficácia dos tratamentos, beneficiando pacientes que necessitam de terapias mais complexas e individualizadas.
Referências
BARENHOLZ, Y. Doxil®—the first FDA-approved nano-drug: lessons learned. Journal of Controlled Release, v. 160, n. 2, p. 117-134, 2012.
MAEDA, H. The enhanced permeability and retention (EPR) effect in tumor vasculature: the key role of tumor-selective macromolecular drug targeting. Advances in Enzyme Regulation, v. 41, n. 1, p. 189-207, 2013.
MISHRA, V.; SHARMA, R.; BANSAL, K. K. PLGA nanoparticles: recent advances in drug delivery. International Journal of Pharmaceutics, v. 583, p. 119-127, 2020.
SARAIVA, C. et al. Nanoparticle-mediated brain drug delivery: overcoming blood-brain barrier to treat neurodegenerative diseases. Journal of Controlled Release, v. 235, p. 34-47, 2016.
A II Mostra Cietífica do Curso de Farmácia foi realizado de modo presencial no dia 30 de outubro de 2024, no auditório do Bloco K, campus Taguatinga-DF da Universidade Católica de Brasília.
Os trabalhos foram submetidos em três modalidades:
Os trabalhos aprovados foram apresentados na seguinte modalidalidade: apresentação oral, pôster.
Os trabalhos premiados como Menção Honrosa para apresentação oral:
Os trabalhos premiados como Menção Honrosa para apresentação pôster:
O evento contou com com trabalhos produzidos pelos discentes da Univerisdade Católica de Brasília (UCB) e pela Universidade de Brasília (UnB).
Comissão Organizadora
VIVIANE CORREA DE ALMEIDA FERNANDES
Comissão Científica
Viviane Corrêa de almeida Fernandes
Jessica Mycaelle da Silva Barbosa
Wendell Iury Robles Marques Rocha
Héllen Cristina Almeida de Castro Alves
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Taynah Oliveira Martins
Alessandra Godoi Cardoso Kostopoulos
Heidi Luise Schulte
Aline Cabral Braga de Medeiros
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Natália Elisabeth Kruklis
Lucas Magedanz
Samara Haddad Simões Machado
Mary Audeny Torres Paulino
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Viviane Corrêa de Almeida Fernandes
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