A presente pesquisa se inscreve nas discussões das migrações internacionais contemporâneas, que têm nas trabalhadoras do Sul Global uma centralidade crescente. A herança colonial marca a construção das nações latino-americanas, revelando-se raiz da emigração de suas populações. O Brasil está inserido neste contexto e, ao lançar brasileiras pelo mundo, tem em Portugal um dos principais portos. Apesar da crescente presença neste país, casos de xenofobia contra mulheres brasileiras são recorrentes, inclusive com denúncias documentadas em diversas mídias. Mães brasileiras imigrantes em Portugal, para além das violências praticadas contra elas mesmas, ainda precisam enfrentar a xenofobia contra filhas/os, seja por serem brasileiras/os, seja por terem mãe brasileira. Pesquisas apontam que as mulheres brasileiras são as maiores vítimas de preconceito em Portugal. Na luta contra o xenorracismo voltado para essas imigrantes, bem como pela sua inserção laboral, a produção de territorialidades pode ser uma saída. Tomando como norte esta realidade, o presente estudo busca entender as formas de preconceito que mulheres brasileiras enfrenta(ra)m em Portugal, bem como suas lutas para fazer frente a essas violências, o que pode se concretizar na produção de territorialidades ? cuja compreensão e apreensão é objetivo central do nosso estudo, feito a partir de uma leitura decolonial. Para tanto, recorre-se a entrevistas semiestruturadas aplicadas remotamente com brasileiras em Portugal. Grifa-se ainda que esta pesquisa tem aprovação junto ao Comitê de Ética em Pesquisa da Unicamp. Dito de outra forma, a partir da leitura das entrevistas, busca-se compreender a emigração de mulheres brasileiras para Portugal, a inserção desta força de trabalho no país, bem como os desafios que elas encontram em suas trajetórias. Esta pesquisa também guarda uma importância científico-social, ao analisar as especificidades laborais desse fluxo no âmbito das migrações transnacionais e ao situar os impactos da pandemia de Covid-19 nesse processo e no contexto pós-pandemia.
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Victor Barros
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