Tendo por aporte teórico escritos de Sigmund Freud, Nadja Hermann e Martha Nussbaum, este ensaio objetiva discutir a importância da experiência estética para a formação de cidadãos éticos e democráticos, capazes de abertura e respeito pelas diferenças. Em nosso percurso de discussão teórica, primeiramente fazemos um diagnóstico da crise democrática contemporânea, expressa nas dificuldades de hospitalidade para com os estrangeiros-imigrantes. Depois, discorremos acerca dos desdobramentos históricos do conceito de estética. Por fim, a partir de uma concepção de formação humana ampla e integral, discutimos sobre a importância da consideração, no processo formativo, da dimensão sensível e inconsciente dos sujeitos, para além da dimensão puramente cognitiva e racional. Apoiados no conceito freudiano de infamiliar, inferimos o alcance ético e formativo do contato estético com o estranho do outro e que, sobretudo, habita dentro de nós. Assim, concluímos que a estética tem um entrelaçamento ético ao permitir que o sujeito entre em contato com o seu mundo interno e, consequentemente, estabeleça relações éticas com a alteridade e a singularidade do outro, o que se mostra imprescindível para a constituição de uma cidadania democrática em nosso mundo atual.
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Victor Barros
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