O presente artigo apresenta uma análise fílmica de dois curta metragens portuguesas do tipo documentário que tratam da história de Gisberta Salce. Brasileira e trans, Gisberta, migrou para a Europa buscando fugir da alta taxa de assassinatos de pessoas trans no Brasil. Contudo, em 2006 foi espancada até a morte em uma construção abandonada, onde se abrigava do frio, por um grupo de jovens na cidade de Porto. Com o objetivo de debater a intersecção trabalho, transexualidade e migração a partir da psicodinâmica do trabalho de Christophe Dejours, analisamos como a perda da capacidade de trabalhar e a vulnerabilidade da condição de imigrante e de pessoa trans levou a uma percepção de desumanização de Gisberta por parte dos agressores. A análise fílmica utilizou-se tanto das imagens, quantos das falas dos entrevistados para ilustrar a trajetória de abandono. Finalizamos com a discussão de como a condição imigrante, trans e desempregada levou Gisberta a uma exclusão social e como isso dialoga tanto com a situação dos imigrantes brasileiros em Portugal, quanto com a situação de pessoas trans no Brasil.
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Victor Barros
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