O Séc. XXI registra a intensificação de pessoas transitando entre nações, em decorrência de fatores diversos, quais sejam, guerras, catástrofes naturais, situação econômica do país de origem e fatores culturais, entre outros. O município de Passo Fundo, no Sul brasileiro, vem recebendo grupos de imigrantes de diversas nacionalidades. Em 2002, foi constituída a Sociedade Beneficente Muçulmana de Passo Fundo – SBMPF, sediada em uma Mesquita, com a finalidade de desenvolver ações sociais, em especial, à população de migrantes. Em 2016, a entidade produziu um documento intitulado “Projeto Centro de Apoio e Casa de Acolhimento a Migrantes em Passo Fundo”. O objetivo deste estudo foi conhecer as atribuições e perspectivas laborais das imigrantes muçulmanas vinculadas à Mesquita local. O estudo ocorreu por meio de pesquisa documental do Projeto da SBMPF e de pesquisa empírica, com abordagem qualitativa e análise de conteúdo. O material empírico emergiu de entrevista em grupo e registro fotográfico. As sujeitas pesquisadas foram mulheres imigrantes muçulmanas ligadas à Mesquita, com a definição de categorias de análise a posteriori. Os resultados apontam que a tradição islâmica evidenciada no documento analisado demarca contornos diferenciados ao mundo laboral feminino, sem menção explícita ao trabalho das mulheres, pois menciona somente “Programa para mulheres” de formação em árabe, inglês e na jurisprudência islâmica, com a intenção “de ensinar a purificação e a oração”. Já, por meio da análise dos dados empíricos, as imigrantes muçulmanas ligadas à SBMPF demonstraram perspectivas de futuro no município, as quais passam por aperfeiçoar o idioma português, frequentar curso superior e gerar renda para si e para suas famílias, ainda que suas atribuições estejam limitadas a tarefas domésticas e do cuidado. Concluímos que as imigrantes muçulmanas poderão agregar contribuições importantes para projeto da SBMPF e corporificar suas perspectivas, a partir de suas próprias demandas, sem renunciar a cultura islâmica.
Comissão Organizadora
Victor Barros
Comissão Científica