A migração, o desamparo e a estrangeiridade fazem parte da condição humana, pois nos primórdios da vida somos estrangeiros inseridos num laço social, cultural, afetivo, subjetivo e familiar que, pode ou não, nos acolher. Tal processo compõe a própria constituição subjetiva humana. Desse modo, este ensaio propõe, desde noções conceituais da Psicanálise, refletir a respeito da experiência de desamparo do migrante frente à estrangeiridade em duas dimensões interligadas: o estrangeiro do mundo externo e o do interno, o inconsciente. Argumenta-se que o migrante revive aspectos ligados à experiência do desamparo que pode se desdobrar ao ponto de produzir como resposta o sofrimento psíquico, o qual, atualmente, tende a ser lido sob as lentes da medicalização e patologização. Identificamos na escuta do sujeito em sua singularidade e no reconhecimento desse estrangeiro interno - o próprio mal-estar e sua ligação inconsciente- como modos de cuidado complexos e relevantes no campo da saúde mental global.
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Victor Barros
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