INTRODUÇÃO
Em 28 de dezembro de 2022, completará 30 anos do homicídio que mobilizou todo o Brasil e a imprensa internacional: a morte da atriz Daniella Perez. O caso gerou repercussão devido ao fato de que a atriz foi morta pelo, até então, ator Guilherme de Pádua, com quem contracenava na novela de sucesso da época, “De Corpo e Alma”, escrita por Glória Perez, mãe da vítima. Na época do crime, descobriu-se que Guilherme realizou em coautoria com sua esposa Paula Thomaz. Recentemente, com o lançamento documentário “Pacto Brutal: o Assassinato de Daniella Perez”, o país pôde conhecer alguns detalhes do fato, a exemplo das possíveis motivações. O presente trabalho pretende analisar os comportamentos dos criminosos sob a ótica do desejo mimético, teoria desenvolvida por René Girard, antropólogo francês.
OBJETIVO
O objetivo do trabalho busca avaliar o mecanismo comportamental por trás das possíveis motivações apresentadas pelos criminosos que levaram à consumação do homicídio da atriz Daniella Perez. Para isso, a teoria mimética, de René Girard, foi utilizada como possível resposta para entender a fixação de ambos homicidas na figura da filha da autora Glória Perez.
METODOLOGIA
O material utilizado são os documentos publicados pela imprensa referentes ao crime da Daniella Perez, bem como os depoimentos das pessoas próximas ao caso na ocasião das investigações (amigos, familiares, testemunhas e operadores do Direito) além das declarações dos acusados na mídia e no tribunal. O método usado na pesquisa é essencialmente lógico-dedutivo, e a metodologia é hermenêutica, baseada em revisão bibliográfica e estudo de caso.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
O pensador francês Renê Girard intuiu que a causa primordial da violência humana é o “desejo mimético”, conceito com o qual explica uma forma tipicamente humana de desejar, fundada na natureza imitativa dos seres humanos. Segundo o autor (1961, p.07), homem é incapaz de desejar por si próprio: é necessário que o objeto de seu desejo lhe seja designado por um terceiro. Nós nos cremos livres, no entanto, somente escolhemos os objetos já desejados por um outro. Daí a estrutura “triangular” do desejo, em que o sujeito define o desejo de “seu” desejo a partir da sugestão de um terceiro elemento, o mediador: “existe um mediador que sugere o desejo entre o sujeito e o objeto” (GIRARD, 1961). Durante as investigações do caso da Daniella Perez, dentre as confissões em juízo, declaradas a terceiros ou apresentadas à mídia jornalística por parte de Guilherme de Pádua e Paula Thomaz, percebeu-se o mecanismo do desejo mimético como propulsor do crime quando apresentam a esposa do ator, acusada de desferir as tesouradas, como possessiva e ciumenta contumaz. Os indícios apresentam Paula sendo estimulada por Guilherme de que a Daniella estaria interessada numa relação extraconjugal com ele. Paula crê que seu objeto (Guilherme) é desejado por Daniella e entra num ciclo de rivalidade que culmina na morte da atriz.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Mesmo diante das contradições nas declarações de ambos os criminosos no quesito autoria e motivações, as evidências, as provas e os testemunhos ofereceram clareza suficiente ao tribunal do júri para a condenação. Diante dos indícios, além da vingança da parte do Guilherme de Pádua por perder espaço na novela, há o elemento passional, possivelmente criado pelo ator a fim de estimular uma rivalidade fantasiosa da esposa para com a vítima. Dessa forma, fica evidente que Paula foi estimulada, por seu esposo, à idolatria para com a Daniela, pois esta não figurou apenas como rival, mas como verdadeira obsessão da parte de uma homicida que possui possíveis traços de psicopatia.
Comissão Organizadora
Guilherme da Mota Carvalho
Pablo Abdon da Costa Francez
INSTITUTO NACIONAL DE PERÍCIAS E CIÊNCIAS FORENSES
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Comissão Científica
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