A criptococose é uma micose profunda, de comportamento oportunista, causada por fungos pertencentes ao gênero Cryptococcus neoformans. Ela também é conhecida como torulose, doença de Busse-Buschke e blastomicose europeia. Segundo o Consenso em criptococose, existem tipos de micose distintas do ponto de vista clínico e epidemiológico, sendo as infecções causadas principalmente pelo Cryptococcus neoformans (sorotipo D), C. grubii (sorotipo A) e C. gattii (sorotipo B e C). Esta enfermidade é responsável por infecção sistêmica principalmente em pacientes que apresentam imunodepressão, quer por uso de medicações imunossupressoras, como os corticosteroides e quimioterápicos empregados por longos períodos, sendo as mais importantes por hemopatias malignas e pelo vírus da imunodeficiência humana adquirida (HIV). Em menor incidência, a levedura pode causar infecção sistêmica em pacientes imunocompetentes, causando sintomatologia exuberante. O presente caso demonstra uma apresentação pouco frequente de criptococose pulmonar e meningoencefálica. Relatamos o caso de um paciente do sexo masculino, 66 anos, sem comorbidades aparentes, que apresentava como sintomas principais cefaleia frontal e occipital intensa, alterações visuais, êmese, febre e dispneia. Ao exame de imagem, apresentou presença de massa pulmonar na radiografia de tórax inicialmente sugestiva de neoplasia pulmonar. Após descartada esta hipótese e realização de novos exames, levantou-se a suspeita da crisptococose, sendo esta confirmada pela a presença da C. gatti no líquor e pulmão do paciente e alterações focais características em encéfalo em TC de crânio. Adotou-se tratamento com medicação antifúngica. Ao longo das 4 primeiras semanas de tratamento em UTI, houve gradual melhora dos sintomas, mantendo-se as medicações até o fim do tratamento, com duração de 6 meses, apresentando bom prognóstico. A doença entretanto possui, na maioria dos casos, evolução grave e fatal acompanhada ou não de lesão pulmonar evidente, fungemia e focos secundários para pele, rins, supra renal, ossos e outros. A criptococose é uma infecção pouco diagnosticada e o seu manejo clínico não está bem definido, pois o tratamento em imunocompetentes é controverso.
Comissão Organizadora
Liga Acadêmica de Infectologia e Vigilância em Saúde
Comissão Científica
Dr. Fabrício Silva Pessoa
Dr. Lídio Gonçalves Lima Neto
Dra. Wildete de Carvalho Mayrink
Me. Mara Izabel Carneiro Pimentel
Dra. Lilaléa Gonçalves
Me. Tânia Maria Gaspar Novais
Dra. Mylena Torres
Dra. Monique do Carmo