Define-se toxoplasmose como a infecção causada pelo protozoário intracelular obrigatório Toxoplasma gondii, adquirida pelo contato direto com os oocistos do parasito, encontrados nas fezes de felinos, além de carnes e frutas contaminadas contendo os cistos tissulares. Após a contaminação, as células do hospedeiro tornam-se repletas do parasita e sofrem lise, mecanismo pelo qual o protozoário atinge dimensão sistêmica por via hematogênica. Esta fase corresponde a toxoplasmose aguda, que pode ser assintomática ou manifestar-se por um quadro de síndrome mononucleose. Como os cistos de toxoplasma persistem por período indefinido, qualquer imunossupressão significativa pode ser seguida por recrudescimento da toxoplasmose. As lesões costumam ser focais e podem ser vistas no cérebro, na retina, no miocárdio e/ou nos pulmões. No presente estudo, trazemos à comunidade científica relato de paciente portador de HIV admitido em ambulatório com os seguintes sintomas guias: náuseas, vômitos, febre e mal estar geral, após ingestão de alimento suspeito, recebendo tratamento sintomático e melhora. Após 3 meses, o paciente foi trazido de ambulância para Unidade de Alta Complexidade com relato de perda de consciência, sendo internado e feitas medidas de suporte e exames laboratoriais e de imagem para elucidação diagnóstica. Ao recebimento de resultados, evidenciou-se presença de lesão nodular no cérebro em TC e RM, levantando-se suspeita para toxoplasmose cerebral. Foi feita maior investigação com sorologia para toxoplasmose e teste imunoenzimático, que mostraram-se positivos. O tratamento foi iniciado com administração de corticoterapia, antibióticos e sedativos, além do uso de inibidor não-nucleotídeos da transcriptase reversa e inibidor de protease. O paciente evoluiu com sucessiva melhora do estado geral, recebendo alta após 1 mês do início do tratamento, mantendo-se os medicamentos para supressão do vírus da imunodeficiência humana. A neurotoxoplasmose ainda é a principal causa de lesão expansiva no SNC de pacientes com AIDS. A apresentação clínica, a análise do LCR e os resultados dos estudos radiológicos podem se confundir com os de outras patologias que acometem estes pacientes. O diagnóstico definitivo de tais lesões pode requerer técnicas sofisticadas ou procedimentos invasivos não isentos de risco.
Comissão Organizadora
Liga Acadêmica de Infectologia e Vigilância em Saúde
Comissão Científica
Dr. Fabrício Silva Pessoa
Dr. Lídio Gonçalves Lima Neto
Dra. Wildete de Carvalho Mayrink
Me. Mara Izabel Carneiro Pimentel
Dra. Lilaléa Gonçalves
Me. Tânia Maria Gaspar Novais
Dra. Mylena Torres
Dra. Monique do Carmo