Introdução: As infecções congênitas são definidas como aquelas transmitidas da mãe ao feto durante a gestação via vertical. Dentre elas destacam-se a sífilis, toxoplasmose, rubéola, o citomegalovírus e herpes simplex (STORCH) e, mais recentemente, o vírus Zika. Tais doenças podem estar relacionadas a diversos defeitos congênitos, incluindo alterações neurológicas estruturais e psicomotoras. Segundo o Ministério da Saúde, entre as semanas epidemiológicas 45/2015 e 52/2018 foram confirmados 2.865 casos de recém-nascidos e crianças vivos com alterações de crescimento e desenvolvimento relacionadas a infecções congênitas no Brasil, sendo que a maioria esteve concentrada na Região Nordeste. Objetivos: O objetivo desse trabalho é descrever as principais alterações neurológicas em crianças expostas a infecções do grupo STORCH e vírus Zika no período gestacional. Resultados: As infecções do grupo STORCH e vírus Zika podem levar a microcefalia, calcificações ventriculares, atraso no desenvolvimento neuropsicomotor, deficiência cognitiva, dificuldade de aquisição de habilidades motoras, alterações posturais, no tônus muscular, movimentos atípicos e persistência de reflexos primitivos. Podem estar presentes também alterações neurossensoriais, como deficiência auditiva e anormalidades oculares, tais como catarata congênita, no caso da rubéola, atrofia e alteração pigmentar, no caso da Zika. Déficit no reflexo de sucção e incoordenação da deglutição também podem ser encontrados nas crianças. Outras complicações causadas pelas infecções congênitas são: restrição de crescimento intrauterino, alterações cardíacas hepáticas e deformidades ósseas. Tais infecções podem ter manifestação clínica variável, desde quadros leves a óbitos fetais. Vale ressaltar que, crianças expostas aos agentes STORCH e vírus Zika podem apresentar-se assintomáticos ao nascimento, sendo mandatório realizar acompanhamento durante os primeiros anos de vida. Conclusão: A partir do acompanhamento de crescimento e desenvolvimento da criança de forma sistemática, é possível identificar alterações precocemente, permitindo intervenção profilática e terapêutica interdisciplinar, além de melhorar qualidade de vida do paciente e sua família. Além disso, vale ressaltar que o conhecimento das comorbidades associadas a tais infecções pode também estimular ações profiláticas.
Comissão Organizadora
Liga Acadêmica de Infectologia e Vigilância em Saúde
Comissão Científica
Dr. Fabrício Silva Pessoa
Dr. Lídio Gonçalves Lima Neto
Dra. Wildete de Carvalho Mayrink
Me. Mara Izabel Carneiro Pimentel
Dra. Lilaléa Gonçalves
Me. Tânia Maria Gaspar Novais
Dra. Mylena Torres
Dra. Monique do Carmo