Embora reprodução fora do ambiente natural tenha sido bem-sucedida para algumas espécies, uma série de fatores pode limitar o sucesso de programas de reprodução ex-situ para elasmobrânquios. Neste sentido, são poucos os estudos relacionados a reprodução, desenvolvimento e sobrevivência de neonatos sob cuidados humanos. No Brasil, o Aquário de Ubatuba foi o primeiro aquário de visitação pública a relatar em literatura eventos reprodutivos para elasmobrânquios de pequeno porte, prática que tem se difundida em diversas instituições no país. Desde 2018, foram registrados pelo menos 8 eventos reprodutivos de Zapteryx brevirostris na instituição. De um total de 13 neonatos vivos, 4 fêmeas e 9 machos, com os quais foi realizada a manutenção assistida, comprimento total (CT, cm), largura do disco (LD, cm) e peso total (PT, g) foram registrados semanalmente para cada indivíduo. Dentre as tentativas de manutenção de neonatos da espécie, somente 2 indivíduos, 1 macho e 1 fêmea, sobreviveram por um período superior a 60 dias e foram acompanhados pelo período de 18 meses. As medidas biométricas foram tomadas por um ictiômetro e uma balança digital com precisão de 1g. Todas as medidas foram feitas antes da alimentação e pela mesma pessoa, evitando viés. Durante o procedimento, nenhum sedativo ou anestésico foi utilizado, uma vez que os animais apresentaram tolerância a curtos períodos fora da água. A partir dos dados coletados, foi desenvolvida uma curva de crescimento, seguindo uma regressão logarítmica (y = 5,3544ln(x) - 2,0524, R² = 0,9766) e calculada a taxa de crescimento específico (SGR) e o ganho de peso diário (DWG). A média ± erro padrão do peso, CT e LD ao nascimento nascer foram 17,47 ± 1,6 g, 13,25 ± 0,7 cm e 6,53 ± 0, 2 cm, respectivamente. O PT médio, assim como o CT médio, foi maior para as fêmeas (26,15 g e 15,07cm) em comparação aos machos (17,09g e 13,94cm). As fêmeas (P = -0,9063+3,5989*CT) apresentaram relação peso-comprimento significativamente maior que os machos (P = 3,7642+2,7642*CT) (P<0,05). O peso médio, assim como o CT médio foram maiores para as fêmeas em todos os partos, com 26,15g e 15,07cm para as fêmeas em comparação a 17,09g e 13,94cm para os machos. A diferença de porte observada, no entanto, é uma ocorrência esperada para espécies vivíparas, característica da espécie Z. brevirostris. Considerando a crescente pressão pesqueira na pesca artesanal, estudos preliminares de idade e crescimento são fundamentais para o sucesso do manejo pesqueiro, aprimorando o conhecimento do ciclo de vida de uma espécie para que um manejo mais eficiente e sustentável possa ser realizado. Tendo em vista as atuais lacunas no conhecimento da biologia da Z. brevirostris, embora estudos mais específicos precisem ser realizados, este estudo fornece dados importantes sobre o desenvolvimento dos juvenis.
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