Gymnura altavela é uma raia demersal que ocorre em ambientes rasos costeiros de substrato não consolidado. Assim como outros elasmobrânquios, ela encontra-se ameaçada de extinção, sendo classificada globalmente como Em Perigo pela IUCN e Criticamente em Perigo no Brasil pelo ICMBio. Antes considerada de distribuição anfi-atlântica, novas evidências genéticas apontam para a existência de duas espécies crípticas de distribuições isoladas no atlântico leste e oeste. Assim, faz-se necessário a obtenção de parâmetros de história de vida (e.g. crescimento e longevidade), a fim de representar de forma confiável as populações locais. O objetivo do estudo em andamento é estimar o crescimento das G. altavela do sudeste do Brasil. Os dados etários das raias coletadas serão acessados através da leitura de anéis etários nas vertebras, cuja periodicidade de formação será testada utilizando o método de incremento marginal aliado ao Critério de Informação de Akaike corrigido (AICc) para testar três modelos: periodicidade nula, anual e bianual. As idades e os dados de largura de disco (LD) – distância entre as pontas das nadadeiras peitorais – serão ajustados aos seguintes modelos de crescimento: Von Bertalanffy (VB) 1, VB2, Gompertz e Logístico. Mais uma vez, será utilizado o AICc para determinar o mais adequado para machos e fêmeas, separadamente. Até o momento, já foram obtidos 110 exemplares do Rio de Janeiro e Espírito Santo, sendo 48 fêmeas e 62 machos. Elasmobrânquios apresentam dimorfismo sexual e as fêmeas são geralmente maiores que os machos. Esse padrão já havia sido observado para G. altavela na América do Norte (LD fêmeas: 54,4 – 215 cm; LD machos: 56,1 – 136 cm) e Mediterrâneo (LD fêmeas: 34 – 134,2 cm; LD machos: 35 – 89,3 cm) e é corroborado pelos resultados obtidos. Em nossa amostragem, foram capturadas fêmeas com LD de 20,1 a 150 cm, enquanto para os machos essa medida variou de 21,4 a 108 cm. A maior fêmea encontrava-se grávida com cinco embriões completamente formados, incluindo três machos (LD: 21,4 cm; 21,5 cm e 23,5 cm) e duas fêmeas (LD: 20,1 cm; 21,5 cm). Os tamanhos mais comuns foram de 40 a 70 cm tanto para machos (89%) quanto para fêmeas (92%). Já na América do Norte e no Mediterrâneo, tamanhos maiores foram observados. 71% das fêmeas norte-americanas e 73% das mediterrâneas foram maiores que 70 cm, ao passo que para machos esses valores foram 75% e 74%, respectivamente. Nossos resultados preliminares indicam diferenças entre a população estudada e as outras conhecidas na literatura, ressaltando a importância de se realizar estudos de idade e crescimento específicos para a costa brasileira. Dessa forma, o próximo passo desse estudo será construir modelos de crescimento que nos permitirão aprofundar essas comparações, aumentando a confiabilidade das informações disponíveis para o táxon.
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