As raias exclusivamente dulciaquícolas compreendem atualmente cerca de 38 espécies que fazem parte da subfamília Potamotrygoninae, distribuídas pela América do Sul, divididas em quatro gêneros: Potamotrygon, Paratrygon, Plesiotrygon e Heliotrygon. Com o objetivo de contribuir para a construção de conhecimentos sobre a biologia reprodutiva das raias de água doce, este trabalho caracterizou folículos ovarianos por meio de análise morfométrica e do estágio de desenvolvimento durante o ciclo reprodutivo de fêmeas de Potamotrygon amandae, espécie que se distribui no sistema Paraná-Paraguai. Para tanto, foram realizadas incursões a campo no alto rio Paraná, à jusante da usina hidrelétrica de Ilha Solteira - SP nos meses de julho, setembro, outubro, novembro e dezembro de 2021 e fevereiro, março, abril e maio de 2022, com coleta de 35 espécimes de fêmeas adultas. Os animais foram eutanasiados por imersão em gelo. Os ovários foram fixados em Karnovsky modificado, com estágio de desenvolvimento dos folículos vitelogênicos classificados qualitativamente em pequeno, médio e grande e as fases do ciclo reprodutivo distinguidas como em desenvolvimento, capaz de se reproduzir, grávida, pós-parto e regeneração.. Foi mensurado o diâmetro maior e menor dos folículos. Considerando seu formato oval, foi calculada a área de elipse, A= ?.r.r. Os dados não atenderam as premissas para testes paramétricos. Foi utilizado Kruskal Wallis para análise de variância e Dunn’s para comparação de medianas (P= <0,05) pelo programa SigmaStat 3.1. Os meses com menor quantidade de folículos vitelogênicos foram fevereiro e abril, com 5 em ambos e o maior foi julho com 88. A mediana da área dos folículos apresentou amplitude de 5,97 a 15,21 cm2, com diferença significativa entre os meses.O mês de julho (pluviosidade média de 0,3 mm) mostrou vitelogênese ativa, com muitos folículos vitelogênicos pequenos e médios e ocorrência de alguns grandes, com mediana de área de 9,7 cm2. Setembro (21,3 mm) diferenciou significativamente, apresentando maior número absoluto de folículos grandes e folículos de maior área (15,2 cm2), indicando vitelogênese completa, na qual os oócitos estão prontos para ovulação, estando as fêmeas capazes de se reproduzirem. Outubro (263,6 mm) apresentou queda na área dos folículos (6,36 cm2) e redução dos valores absolutos de folículos grandes e médios, sugerindo ovulação, com recrudescência do tecido ovariano e cópula a partir deste mês. Novembro, dezembro e fevereiro (97 a 241 mm) apresentaram predominância de grávidas. Março (238,5 mm), abril e maio (18,8 e 29,9 mm), foram marcados por pós-parto, ovários em regeneração e iniciando desenvolvimento para próxima reprodução. Entende-se que as fases do ciclo reprodutivo se relacionaram com a pluviosidade. A época de seca foi marcada por vitelogênese, que foi ativa nos animais em desenvolvimento e completa nos capazes de se reproduzirem, também por pós-parto e regeneração. No período chuvoso predominou ovulação, cópula e gravidez. Conclui-se assim que a morfometria e os valores absolutos dos folículos ovarianos em seus estágios de desenvolvimento indicaram que em setembro as fêmeas adultas de Potamotrygon amandae eram capazes de se reproduzirem, com ovulação e cópula a partir de outubro e gravidez predominante de novembro a fevereiro.
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