Os membros da família Potamotrygonidae pertencem a um grupo monofilético com características únicas, dentre elas a baixa concentração de ureia no sangue e a redução da glândula retal. A regulação e a reprodução das arraias são influenciadas pelo estresse, e algumas situações estressantes acabam causando um desequilíbrio nos eixos hipotálamo-hipófise-inter-renal e hipotálamo-hipófise-gônada, porém, não há definição atual da ação fisiológica desta interconexão entre eixos na osmorregulação, porém sabe-se que pode estar ligada à perda de ureia plasmática. O objetivo deste trabalho foi examinar como o estresse de captura atua na concentração plasmática de ureia em fêmeas grávidas e não grávidas de Potamotrygon amandae em ambiente não-nativo. Fêmeas adultas grávidas e não grávidas foram coletadas no Rio Paraná (UHE Engenheiro Souza Dias – Ilha Solteira/SP) por meio de tarrafas (CEUA – FEIS/UNESP 03/2021 e Licença ICMBio 81165-2); grávidas (n=7) e não grávidas (n=7). Logo após a captura dos espécimes, realizou-se a coleta de sangue e os animais foram acondicionados em caixas plásticas. Os animais tiveram os dados biométricos mensurados (comprimento total e de disco, a largura de disco e peso). O plasma foi analisado quanto a concentração de ureia, mensurado com kit comercial. Os parâmetros biométricos foram estatisticamente comparados utilizando o Teste T de Student, e mostraram que as fêmeas grávidas apresentaram comprimento total de 57,5±9,5 cm; comprimento de disco de 40,75±4,22 cm; largura de disco de 3,01±1,28 cm e peso de 3,01±1,2 kg. Fêmeas não grávidas apresentaram comprimento total de 51,5±5,2 cm; comprimento de disco de 33,7±3,62 cm; largura de disco de 32,5±3,05 cm e peso de 1,5±0,48 kg. Em relação ao comprimento de disco e o peso, foram encontradas diferenças significativas entre os grupos, para o comprimento de disco (p=0,006), e o peso (p=0,002), com fêmeas grávidas possuindo maiores valores em comparação com as fêmeas não grávidas. As diferenças biométricas estão ligadas diretamente com o processo de gestação e estágio de vida dos animais. A ureia não se mostrou significativamente diferente entre os grupos comparados, os quais: fêmeas (0.8928±0.4172mmol/l) e fêmeas não grávidas (0.6694±0.1067mmol/l). Foi possível comparativamente verificar que os valores deste osmólitos são consideravelmente menores que nas raias de água salgada, que alcançam aproximadamente 300 mmol/L em Zapteryx brevirostris. Diferente do hipotetizado o estresse de captura não alterou a concentração do osmólito uréia, mesmo resultado já observado para elasmobrânquios de água salgada.
Palavras-chave: Estresse de captura; Osmorregulação; Raias Dulciaquícolas
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