Com o papel principal de difundir a ciência em meio a sociedade, a ciência cidadã tem um enorme potencial para a conservação da biodiversidade. Se por um lado, a participação de voluntários impulsiona significativamente o acesso a dados sobre o objeto de estudo, a aproximação entre pesquisadores e a sociedade tem a capacidade de sensibilizar e difundir o conhecimento, desenvolvendo o pensamento crítico quanto a medidas para a conservação de espécies e ecossistemas. Acreditando nisso, surgiu o projeto Mergulhando na Conservação. Nossos objetivos consistem em: (1) familiarizar os visitantes do Parque Estadual Ilha Anchieta, Ubatuba – São Paulo de questões ligadas à conservação da raia-chita, Aetobatus narinari, por meio de atividades de educação ambiental e do engajamento no monitoramento da espécie por meio do mergulho livre; (2) desenvolver a prospecção científica, utilizando BRUVs e DOVs na coleta de informações sobre a ocorrência de elasmobrânquios e actinopterígios da região; (3) contribuir para a capacitação técnica de estudantes e profissionais de áreas correlatas por meio de campanhas de voluntariado e (4) acessar padrões populacionais de A. narinari, bem como avaliar a composição da comunidade local, fornecendo informações aos órgãos de competência para melhorias nas tomadas de decisão. Com apenas nove meses de atuação, cerca de 2.250 pessoas foram direta ou indiretamente impactadas, seja pelas campanhas de voluntariado, capacitação e educação ambiental (6%), comunicação em eventos (4,5%), ou por meio da divulgação científica em mídias sociais (90,5%). Quanto aos principais resultados advindos das atividades de prospecção científica, ao todo foram registrados 6380 minutos de gravação, dos quais 34% foram analisados. Até o momento, foram identificadas 22 famílias e 34 espécies, dentre actinopterígios, elasmobrânquios e quelônios. Destas, os elasmobrânquios foram representados apenas por espécies da família Dasyatidae (5% dos registros), sendo elas: Dasyatis hypostigma, Hypanus guttatus e Hupanus berthalutzae. Contudo, apesar da baixa representatividade observada, tais espécies encontram-se classificadas em categorias de ameaça da IUCN, reforçando a importância do papel desempenhado pelas Unidades de Conservação (UCs) da porção norte do Mosaico das Ilhas e Áreas Marinhas Protegidas do Litoral Paulista. Além disso, o entorno marinho do PEIA, área de exclusão de pesca desde 1983, encontra-se em processo de criação do Parque Estadual Marinho Tartaruga-de-Pente e, os resultados obtidos pelo projeto podem contribuir de forma significativa para a criação da UC, não só pelo fornecimento de dados sobre a fauna, através do monitoramento ativo, como também pela sensibilização e apelo da população em prol de ações que contribuam para a conservação da biodiversidade local.
Comissão Organizadora
ELASMulheres
Comissão Científica