A bílis de peixe tem sido utilizada como biomarcador em relação à contaminação ambiental, um indicador alternativo de exposição a contaminantes, sendo uma secreção hepática que tem como papel promover a emulsificação e adsorção de lipídios no intestino via ação de ácidos ou sais biliares e atua como meio de excreção para diversas substâncias, tanto endógenas quanto exógenas, incluindo contaminantes ambientais, vale ressaltar que os peixes vem sendo excelentes modelos para medir respostas bioquímicas a diferentes contaminantes ambientais devido a sua diversidade biológica, posição na escala evolutiva dos vertebrados e resiliência frente a mudanças ambientais. O foco de análises biliares em peixes tem sido tem sido voltado apenas para a quantificação de contaminantes, as análises proteômicas em resposta a contaminantes ambientais ainda são escassas e os poucos estudos disponíveis, até o momento, foram realizados apenas em peixes ósseos, já em elasmobrânquios, grupo que compreende raias e tubarões, são ainda inexistentes. Com isso, este trabalho teve como objetivo a caracterização da expressão proteômica geral de bílis de uma raia considerada ameaçada do Sudeste Brasileiro, a Dasyatis hypostigma, popularmente conhecida como raia manteiga, através da técnica de eletroforese de proteínas SDS-PAGE. Os animais foram coletados através da pesca artesanal em colônias de pesca do Recreio dos Bandeirantes e Barra da Tijuca, totalizando dez indivíduos, cinco machos e cinco fêmeas. As amostras de bílis foram classificadas por cor, condição e sexo do animal e local de coleta e purificadas por filtros Vivaspin com corte de 3 KDa. A dosagem das proteínas totais foi realizada pelo método de Lowry modificado por Peterson e 35 ug de proteínas foram aplicados em géis de 15%, as corridas foram feitas a 220V e a coloração dos géis foi realizada por Nitrato de Prata. O perfil proteômico apresentado demonstrou a presença de proteínas tanto de alto quanto de baixo peso molecular para os indivíduos das duas regiões coletadas, tendo sido verificado a presença de uma banda altamente expressa com peso molecular em torno de 14 kDa, potencialmente a metalotioneína, uma proteína indicadora de exposição a metais e metalóides. Foi detectada a presença de bandas de pesos moleculares de aproximadamente 25 kDa em todos os indivíduos de ambas regiões, além de presença em aproximadamente 75 kDa nas mesmas condições. Mas vemos, de forma geral, uma maior expressão de proteínas nos indivíduos coletados no Recreio dos Bandeirantes, indicando uma possível maior contaminação desta área.
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