O Arquipélago de Fernando de Noronha protege uma grande biodiversidade de espécies através das leis ambientais do Parque Nacional Marinho de Fernando de Noronha (PARNAMAR Noronha) e da Área de Proteção Ambiental de Fernando de Noronha – Rocas – São Pedro e São Paulo (APA Noronha-Rocas-ASPSP). Muitos dos animais que ocorrem no local já estão registrados na lista de espécies ameaçadas de extinção, entre elas, os tubarões. Embora estes estejam protegidos dentro do PARNAMAR Noronha e APA Noronha-Rocas-ASPSP, onde a pesca de elasmobrânquios é proibida, eles interagem com a pesca artesanal e recreativa que ocorre na região na qual compreende a APA Noronha-Rocas-ASPSP. Tubarões recifais interagem diariamente também com as atividades recreativas no arquipélago, como os mergulhos livre e autônomo. Deste modo, o estudo tem como objetivo reportar evidências da interação entre os tubarões e a pesca no arquipélago. Os registros foram obtidos através do programa Ciência Cidadã do Projeto Tubarões e Raias de Noronha, utilizando principalmente o Instagram como plataforma de coleta. Realizados diariamente pelos guias, fotógrafos e instrutores de mergulho, os registros de tubarões e raias foram catalogados em um banco de dados no Google Excel. Foram observados um total de seis registros de interações dos tubarões com a pesca entre Janeiro e Outubro de 2022. Dessas, três envolveram tubarões-lixa (Ginglymostoma cirratum), dois enrolados a linhas de nylon e um com um anzol em sua boca; um tubarão-limão (Negaprion brevirostris) com um anzol em sua cauda; um tubarão-tigre (Galeocerdo cuvier), enrolado em linha; e um tubarão-cabeça-de-cesto (Carcharhinus perezi), que foi registrado tentando se alimentar dos peixes de um pescador artesanal que realizava pesca submarina com linha de mão. Diante a isso, é possível concluir que as espécies classificadas como Vulnerável na Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas do Brasil Ginglymostoma cirratum, Negaprion brevirostris, Carcharhinus perezi, além da espécie Galeocerdo cuvier, Quase Ameaçada, estão interagindo com a pesca. Apesar da proibição da pesca de elasmobrânquios no local, as interações causam impacto às espécies ameaçadas, já que essas podem morrer na captura, ter alguma lesão grave causada pela interação, além de causarem danos aos pescadores, como perda da espécie-alvo e equipamento de pesca. No entanto, uma limitação do estudo é ter acesso apenas às espécies recifais que interagem com os mergulhadores. Portanto, além da identificação das espécies envolvidas, apresentadas nesse estudo, outros métodos precisam ser implementados para avaliar quais espécies estão interagindo com a pesca oceânica. Além disso, para que medidas de mitigação de impacto sejam implementadas, é necessário ainda entender o comportamento de interação dos tubarões envolvidos e a influência das espécies-alvo e o método de captura da pesca.
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