Os lagos de Viana fazem parte da bacia dos Rios Mearim/Pindaré, no Maranhão, e apresentam raias de água doce isoladas dos demais sistemas adjacentes, como a bacia Amazônica e a bacia do rio Parnaíba. Estes animais são pouco conhecidos em sua biologia, como crescimento, alimentação e reprodução, necessitam de estudos aprofundados. O objetivo deste é analisar as variáveis ambientais em todo complexo lagunar da cidade Viana-MA, e distribuição das raias Potamotrygon motoro, e correlacionar com os pontos de capturas. As coletas ocorreram em três pontos amostrais no período seco (conhecido como período de baixa ou verão) e na estação chuvosa (também conhecido como período de cheia ou inverno). As análises físico-químicas da água foram realizadas in situ e as leituras de amônia, ferro total, fosfato e sulfato foram realizadas através de fotômetro multiparâmetro Micro-20, da Akso. Para a condutividade, sólidos totais (TDS), salinidade, pH e temperatura foi utilizado o medidor muiparâmetro Akso modelo AK88. As capturas de raias foram feitas por meio de espinhel de fundo resultando em 3 machos (17.65%) e 14 fêmeas (82.35%) no período de seca e 5 machos (45.46%) e 6 fêmeas (54.54%) no período da cheia. Na seca as raias apresentaram pesos-totais que variaram de 0,925 kg, a 19,601 kg, sendo a média de 4,274 kg com desvio padrão de 4,642 kg. Enquanto que na cheia variaram de 1.375 kg a 5,218 kg com média de 2,788 kg e desvio padrão de 1,335 kg. No lago de Viana, o ponto máximo de amônia foi de 0,56 ppm e nos demais pontos de 0,00 ppm. O fosfato apresentou o maior valor no período seco com 0,87 ppm, média de 0,75 e desvio padrão de 0,104; na cheia a média foi de 0,65 e desvio padrão de 0,06. O ferro total apresentou o maior valor na seca com 0,85 ppm, média de 0,666 e desvio padrão de 1,185; a média na cheia foi de 0,34 e desvio padrão de 0,095. O sulfato apresentou maior valor na seca com 35 ppm, média de 24 e desvio padrão de 18,183; no período da cheia a média foi de 2.666 com desvio padrão de 2,309 e todos esses indicadores químicos dentro dos padrões permitidos pela Resolução CONAMA 357/2005. O pH mais alto durante as coletas foi no período de seca com 6,63, média de 5.31 e desvio padrão de 1.158, estando dentro dos parâmetros de potabilidade que é entre 6,00 e 9,5. As temperaturas variaram de 30,5oC no período de seca e com 28oC com média 28.883 e desvio padrão de 1.4372. Os valores das variáveis químicas apresentam leve tendência de aumento durante o período de seca. Embora haja uma variação físico-química ao longo dos pontos amostrados, não foi possível definir se esses fatores atuam diretamente na distribuição de P. motoro no lago do Viana. O tamanho maior das raias capturadas no período de seca, especificamente as fêmeas, pode estar associado ao período reprodutivo com o uso diferenciado do espaço do lago de Viana, sugerindo uma segregação sexual e ontogenética.
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