Mais de 95% das populações de tubarões e raias diminuíram e 37% das espécies estão em perigo de extinção. Ainda assim, o comércio ilegal de elasmobrânquios ameaçados é generalizado. Para além de ser um dos maiores comércios de tubarões e raias, o Brasil é o lar de muitas espécies endêmicas. Nesse sentido, é primordial compreender a extensão desta atividade e como diminuir o seu potencial destrutivo. O presente estudo visa compilar e analisar a contribuição das ferramentas moleculares na avaliação do comércio brasileiro de produtos de tubarões e raias descritos por artigos revisados por pares, para avaliar os conhecimentos disponíveis relatados e as lacunas na investigação. Foi realizada uma busca booleana na Web of Science, Scopus, e Google Scholar seguindo o protocolo ROSES, seguida pelo método snowball (literatura recuperada a partir de referências). Trinta e cinco artigos foram analisados (publicados entre 2008 e 2021), destacando as principais lacunas na investigação: 1) falta de estudos no Nordeste do Brasil, onde existe uma elevada diversidade endêmica, 2) disparidade na dimensão e estratégia de amostragem, apresentando inclusive descrições erradas dos rótulos. O tubarão martelo (Sphyrna lewini), criticamente ameaçado, foi a espécie mais detectada nos estudos, estando presente em 46% dos trabalhos avaliados. Já em questão de número total de amostras, o tubarão azul Prionace glauca, foi o mais detectado (n = 464). Além disso, uma grande quantidade de espécies ameaçadas foi detectada, incluindo o tubarão Rhizoprionodon porosus, recentemente classificado como vulnerável e a raia viola endêmica Pseudobatos horkelii, criticamente ameaçada de extinção. Muitas espécies classificadas como não ameaçadas em estudos anteriores estão agora em perigo, mesmo para trabalhos publicados em 2021, mostrando o cenário alarmante para a conservação dos elasmobrânquios. Destacamos aqui a importância das ferramentas moleculares no controle do comércio de elasmobrânquios e recomendamos o seu fomento, especialmente no Nordeste do Brasil. Além disso, recomendamos um protocolo de amostragem padrão, para facilitar a compilação dos resultados e construir uma estratégia de gestão coesa para proteger os tubarões e raias no Brasil.
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