O gênero Rhizoprionodon é representado no Brasil por R. porosus e R. lalandii, espécies simpátricas distribuídas ao longo de toda a costa brasileira. Em Pernambuco, no entanto, R. lalandii não é registrado nas expedições pesqueiras e capturas de pesca artesanal desde 1994, levando assim à hipótese de erro sistemático de amostragem. Portanto, o presente estudo teve como objetivo realizar amostragens de pesca, nos desembarques e registrar a ocorrência, ou não, de R. lalandii no litoral pernambucano. Os espécimes foram coletados em Itamaracá, Ponta de Pedras e Brasília Teimosa entre 2016 e 2017, para depois serem submetidos à análise morfológica e morfométrica já descritas na literatura. Após a captura, os elasmobrânquios foram transportados para o laboratório de Dinâmica de Populações Marinhas – DIMAR. No laboratório foram mensurados o comprimento total (CT), o comprimento do sulco labial superior (ULA), a distância pré-nasal (PRN) e o espaço interdorsal (IDS), além da contabilização do número de poros hio-mandibulares. A morfologia corpórea e a anatomia condrocranial foram identificadas com base em descrições feitas por Compagno e Gadig. Dos 21 exemplares amostrados, 17 tiveram sua sexagem registrada, sendo 10 machos acima de 60 cm de CT (todos maduros) e 7 fêmeas, das quais 2 eram maduras (CT acima de 70 cm). Os comprimentos mínimo e máximo registrados na amostra foram de 45,3 cm e 90 cm, respectivamente. Os demais indivíduos não tiveram sexagem registrada. Todos os indivíduos apresentaram um número de poros hio-mandibulares que variou de 10 a 14, característica mais presente em R. lalandii, enquanto a margem posterior e ápice das nadadeiras peitorais se mostraram mais despigmentados (R. porosus). Entretanto, dos 20 condrocrânios, todos apresentaram caracteres morfológicos mais associados a R. porosus, a exemplo das cartilagens rostrais (laterais e mediana), as quais em espécimes adultos exibiram hipercalcificação. Por outro lado, nenhuma estrutura condrocranial exibiu morfologia associada a R. lalandii. As medidas do ULA apresentaram proporções que variaram de 1,57% a 2,52% do CT (valor próximo ao de R. porosus), enquanto o PRN apresentou variação de 5,2% a 5,91% do CT (valor mais próximo a R. lalandii). O IDS variou de 19,77% a 27,45% do CT. Diante das incertezas geradas pela discrepância entre os dados morfológicos e morfométricos e o baixo n amostral, faz-se necessário a utilização de ferramentas genéticas associadas aos demais métodos de identificação para que os recursos pesqueiros sejam devidamente categorizados, de modo a subsidiar estudos sobre estrutura populacional ao longo do estado e revisão de seu status de conservação, bem como evitar possíveis erros sistemáticos de amostragem.
Palavras-chave: Comprimento, morfometria, condrocrânio.
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