PROJETO TUBARÕES E RAIAS DE NORONHA: APRENDIZADOS DA CIÊNCIA CIDADÃ

  • Autor
  • Bianca S. Rangel
  • Co-autores
  • Vanessa Bettcher Brito
  • Resumo
  • A ciência cidadã promove a colaboração entre cientistas e não profissionais através do engajamento da comunidade na produção de conhecimento científico. Essa ciência tem sido amplamente utilizada no mundo todo, apresentando grande sucesso para a conservação das espécies alvo. Esta ferramenta torna-se especialmente útil quando aplicada em locais remotos com alto fluxo turístico, como o Arquipélago de Fernando de Noronha, uma vez que permite o monitoramento participativo de longa duração por turistas e residentes. O programa cidadão cientista do projeto "Tubarões e Raias de Noronha" busca incluir, de forma ativa, os cidadãos não acadêmicos na pesquisa e monitoramento de tubarões e raias do Arquipélago de Fernando de Noronha. O programa teve início em 8 de Maio de 2021, e compilou até 9 de outubro de 2022 um total de 1622 registros datados de 1997 a 2022. Destes, 716 foram através de guias de turismo, 394 de fotógrafos, 195 de instrutores, 128 de turistas, e 173 do engenheiro de pesca Leonardo Veras, curador do Museu dos Tubarões de Fernando de Noronha. A maioria dos registros (73%) foram encontrados ou recebidos pelo Instagram da página do projeto (@tubaroes.raias.noronha), enquanto apenas 7% foram recebidos diretamente pelo WhatsApp e o restante (20%) recebidos de banco de registros pessoais de alguns residentes e fotógrafos. Importante ressaltar que a maioria dos registros via Instagram são através de busca ativa, ou seja, do monitoramento diário no feed e stories pelas pesquisadoras do projeto, que atualmente somam duas pós-graduandas, uma profissional mestre e três estudantes de graduação. Neste período foram catalogados um total de 3598 elasmobrânquios avistados, incluindo as espécies Ginglymostoma cirratum (n= 1162), Negaprion brevirostris (n= 1157), Hypanus berthalutzae (n= 724), Carcharhinus perezi (n= 185), Aetobatus narinari (n= 131), Mobula birostris (n= 83), Galeocerdo cuvier (n= 31), Mobula spp. (n= 17), Sphyrna mokarran (n= 3), Rhincodon typus (n= 2) e Hexanchus griseus (n= 1). As praias com maior quantidade de elasmobrânquios registradas foram as praias do Porto (incluindo o Naufrágio do Porto), Anpesca, Conceição e Sancho. No período, foram publicados um total de três artigos em revistas internacionais indexadas com os dados obtidos pelo programa. Nossos resultados em 17 meses desse programa mostram que esta ferramenta é eficiente não apenas para o monitoramento participativo e mapeamento dos elasmobrânquios no arquipélago, mas também para entender como as pessoas estão interagindo com os tubarões durante o mergulho. Esses dados são ainda constantemente compartilhados com os gestores locais para que sejam utilizados nas estratégias de conservação e manejo da Área de Proteção Ambiental de Fernando de Noronha, Rocas, São Pedro e São Paulo e Parque Nacional Marinho (PARNAMAR). Além disso, as iniciativas para aproximar a comunidade da pesquisa científica e monitoramento a longo prazo são essenciais para o sucesso das medidas de conservação e engajamento das pessoas nas questões socioambientais.

  • Palavras-chave
  • monitoramento participativo; elasmobrânquios; Parque Nacional Marinho.
  • Modalidade
  • Comunicação oral
  • Área Temática
  • Educação ambiental e etnobiologia
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  • Ecologia, impactos humanos e conservação
  • História natural
  • Educação ambiental e etnobiologia

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