MONITORAMENTO REPRODUTIVO DO TUBARÃO-LIXA EM FERNANDO DE NORONHA ATRAVÉS DA CIÊNCIA CIDADÃ

  • Autor
  • Vanessa Bettcher Brito
  • Co-autores
  • Bianca de Sousa Rangel
  • Resumo
  • Uma redução populacional suspeita de 30-49% nos últimos 90 anos (três gerações) causou a atualização do status do tubarão-lixa Ginglymostoma cirratum de “Deficiente de Dados” para “Vulnerável” (VU) sob os critérios A2bcd da União Internacional para Conservação da Biodiversidade (IUCN). No Brasil, a espécie é listada como VU desde a Instrução Normativa 05/2004. Os aspectos reprodutivos do tubarões-lixa ainda são pouco compreendidos para as populações do hemisfério sul, incluindo o Arquipélago de Fernando de Noronha (AFN). Além de ser um refúgio oceânico para alimentação, o AFN serve como área de berçário, reprodução e alimentação para mais de oito espécies de elasmobrânquios ameaçadas de extinção. Apesar de abundante no AFN, a espécie é alvo da pesca artesanal e da caça submarina na costa do Brasil. Relatos esporádicos indicam agregação reprodutiva da espécie na Enseada dos Tubarões de abril a agosto, e neonatos de julho a setembro e fevereiro. O objetivo do presente trabalho foi monitorar o período reprodutivo da espécie no Arquipélago através da Ciência Cidadã. Os dados foram obtidos do banco de dados do Projeto de Ciência Cidadã Tubarões e Raias de Fernando de Noronha que coleta informações sobre interações com elasmobrânquios de guias, mergulhadores e turistas. De 8 de maio de 2021 a 8 de outubro de 2022, foram obtidos 37 registros de agregação reprodutiva de até 27 indivíduos na Enseada dos Tubarões (abril a setembro), 18 de fêmeas grávidas (junho a novembro), 6 de cápsulas ovígeras (agosto e setembro), e 4 de neonatos na Praia do Porto (setembro a novembro). A agregação reprodutiva na Enseada dos Tubarões é maior que a já descrita para o local, de até 14 tubarões. Apesar do comportamento reprodutivo do tubarão-lixa no arquipélago se assemelhar ao das populações do Hemisfério Norte, o período de cópula e tempo de gravidez ainda são desconhecidos para o Hemisfério Sul. Os dados encontrados sugerem que os filhotes nascem a partir de setembro, dois meses antes do conhecido. Fêmeas aparentemente grávidas com menos de 2 metros de comprimento total, foram registradas, apesar da maturidade sexual para a população da Flórida e Caribe ser entre 2,2 e 2,3 metros. Além disso, ainda não se sabe se o ciclo reprodutivo das fêmeas é bienal como as populações do Hemisfério Norte. A Ciência Cidadã demonstrou ser uma excelente alternativa ao monitoramento de longo prazo e baixo financiamento, além do potencial de envolver a comunidade local e turistas na pesquisa e conservação da espécie. Além disso, os dados também indicam diferenças quando comparados à reprodução da espécie no Hemisfério Norte, ressaltando lacunas a serem estudas como ciclo reprodutivo e tempo de gestação. Portanto a combinação da ciência cidadã a outras metodologias pode gerar importantes dados de história de vida, necessários para o manejo mais adequado dessa espécie, como maior fiscalização no período reprodutivo, principalmente em locais onde ela ainda não é protegida.

  • Palavras-chave
  • reprodução, espécie ameaçada, Atlântico Sul
  • Modalidade
  • Comunicação oral
  • Área Temática
  • História natural
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  • Ecologia, impactos humanos e conservação
  • História natural
  • Educação ambiental e etnobiologia

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