UTILIZAÇÃO DE UM MÉTODO NÃO DESTRUTIVO PARA O LEVANTAMENTO DOS ELASMOBRÂNQUIOS NO AMBIENTE MARINHO DO COMPLEXO INDUSTRIAL PORTUÁRIO DE SUAPE–PE, NORDESTE DO BRASIL
Natalia Priscila Alves Bezerra1, Pollyana Roque2, Alessandra Fischer3, Ilka Branco Nunes2, Camilla Bacelar Tavares4, José Carlos Pacheco5 & Paulo Oliveira5
1Professora de Ecologia e Oceanografia, Universidade Federal do Espírito Santo (UFES)
2Doutora em Recursos Pesqueiros e Aquicultura, Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE)
3Doutora em Oceanografia, Universidade Federal de Pernambuco (UFPE)
4Gestora de Meio Ambiente, Complexo Industrial Portuário de Suape
5Professor de Engenharia de Pesca e Aquicultura, Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE)
Caracterizado por uma metodologia não-letal, o monitoramento com a Estação remota de vídeo subaquático com isca (BRUV, sigla em inglês) é ideal para a utilização em localidades antropicamente degradadas, a exemplo de regiões portuárias, por ser um método de pesquisa não destrutivo. Localizado no litoral sul do estado de Pernambuco, o Complexo Industrial Portuário Governador Eraldo Gueiros-SUAPE foi concebido na década de 1970, sendo atualmente um dos principais entrepostos de mercadorias nacionais. Por sua vez, o processo de implementação e expansão portuária, embora tenha trazido desenvolvimento para a economia do Estado, causou impactos ao meio ambiente, muitos dos quais não foram adequadamente avaliados, particularmente no ecossistema marinho. Por isso, o monitoramento dos elasmobrânquios, representado pelos tubarões e raias, animais no topo da cadeia trófica capazes de regular os níveis tróficos anteriores, se faz fundamental para a avaliação da saúde dos ecossistemas. Nesse contexto, o objetivo do presente trabalho foi realizar um levantamento da diversidade dos elasmobrânquios nas circunvizinhanças do Complexo Industrial Portuário de Suape (CIPS) com o uso de BRUVs, com objetivo de oferecer subsídios para uma estratégia de conservação adequada. Para tanto, no período de julho de 2021 a abril de 2022, foram realizados 624 lançamentos de BRUVS, que corresponderam a 850 horas de gravações. Presente em 32,4% (n= 202) dos lançamentos analisados, o total de oito espécies de elasmobrânquios foram identificadas: sete raias e um tubarão-lixa (Ginglymostoma cirratum). As famílias Aetobatidae, Dasyatidae, Gymnuridae, Mobulidae e Rhinobatidae foram registradas para as raias, sendo Dasyatidae a mais diversa com três espécies (Hypanus berthalutzae, H. guttatus e H. marianae). Com exceção de H. guttatus, classificada como quase ameaçada (NT) de acordo com os critérios da União Internacional para Conservação da Natureza (IUCN), todas as espécies de elasmobrânquios registradas estão inseridas em alguma categoria de ameaça à extinção. Pseudobatos percellens, Aetobatus narinari, H. marianae e Gymnura altavela estão em perigo (EN) e H. berthalutzae, Mobula sp. e G. cirratum foram classificados como vulnerável (VU) à extinção. Esse é o primeiro levantamento faunístico realizado no CIPS com o uso de BRUVs, o qual aportou informações relevantes para a elaboração de medidas de gestão voltadas para a conservação dos habitats e espécies. A presença de espécies ameaçadas de extinção e/ou com uma faixa limitada de ocorrência nas adjacências ao porto reforça a necessidade do monitoramento não letal perene na área, com vistas a compreender a dinâmica e estrutura populacional dos indivíduos no CIPS.
Palavras-chave: tubarão, raia, BRUV
Apoio Financeiro: Suape – Governo do Estado de Pernambuco.
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