A gravidez na adolescência é um fenômeno complexo, que envolve aspectos biológicos, sociais, econômicos e culturais e, portanto, assume diferentes significados, a depender do contexto em que ocorre. No Brasil, a gravidez na adolescência tornou-se um problema de Saúde Pública sendo a região Norte e seus Estados da Amazônia Ocidental, os que apresentam taxas elevadas com baixo Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), quando comparado a outras regiões do País. Dessa forma, é importante avaliar e compreender as características regionais para a ocorrência desse evento, investigando como fatores socioeconômicos contribuem para tal, assim como as repercussões maternas e neonatais. O presente estudo consiste em uma análise descritiva, retrospectiva e quantitativa da prevalência de gravidez em adolescentes com idade entre 10 a 19 anos, nos estados da Amazônia Ocidental (Amazonas, Acre, Rondônia e Roraima). Foram utilizados os dados secundários, disponíveis no Painel de Monitoramento de Nascidos Vivos do Departamento de Análise Epidemiológica e Vigilância de Doenças não Transmissíveis (DAENT) e do Site Observatório Obstétrico e do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística para o período de 2018 a 2022. As variáveis pesquisadas foram: IDH, Escolaridade, Renda per capita, Idade gestacional do início das consultas, Número de consultas no pré-natal, Idade gestacional do nascimento, Peso ao nascer e Tipo de Parto. Os resultados obtidos foram lançados no Programa Excell e no Site Line Graph Maker, para elaboração das tabelas e gráficos. Os resultados obtidos mostram uma incidência de gravidez na adolescência no Brasil de 12,3%, e nos estados da Amazônia Ocidental de 19,8%, o que representa um valor 61% maior. Quanto ao tipo de parto, o vaginal ocorreu em 66,9% entre 9 a 14 anos, e a cesárea em 54% entre 15 a 19 anos. Cerca de 20% das adolescentes iniciam as consultas de pré-natal tardiamente (após o 4 mês de gestação) e 50% delas realizam até 6 consultas, e 20% no máximo 3 consultas. Quanto aos recém-nascidos, 15% nascem abaixo de 37 semanas e 25% tem baixo peso ao nascer (<2500g). Quanto aos indicadores sociais, a Amazônia Ocidental possui um IDH médio de 0,702, que é abaixo da média nacional (0,754) e baixo índice de escolaridade, com 23% com até 11 anos de estudo e um baixo índice de rendimento domiciliar per capita (1.152 reais). Portanto, os resultados apontam uma importante relação de fatores socioeconômicos, como IDH, escolaridade e rendimento per capita, na prevalência da gravidez na adolescência na Amazonia Ocidental. Dessa forma, devemos estimular mudanças de saúde pública, melhorando o acesso à prevenção da gravidez nessa população, com oferta de métodos contraceptivos de longa duração (LARCS), ao atendimento pré-natal precoce e de qualidade, para diminuição dos riscos obstétricos e neonatais, assim como à educação sexual nas escolas, estímulo a não evasão escolar, para que com educação e saúde possamos mudar o cenário sombrio desse tema, tanto na região Norte como em todo o País, valorizando o desejo reprodutivo no momento adequado.
Caros leitores e participantes da III Jornada de Obstetrícia e Ginecologia da Adolescência da Amazônia Ocidental,
É com grande satisfação que apresentamos os anais de resumos simples deste evento, que reúne profissionais de saúde, pesquisadores, educadores e demais envolvidos no cuidado da saúde das adolescentes da região amazônica. Nesta edição, buscamos promover o compartilhamento de conhecimentos e experiências, bem como estimular o diálogo e a reflexão sobre os desafios e avanços na área da saúde reprodutiva e ginecológica na adolescência.
A Amazônia Ocidental é uma região rica em biodiversidade, cultura e tradições, mas também enfrenta particularidades e desafios específicos quando se trata do cuidado à saúde das adolescentes. Neste contexto, é essencial abordar a saúde sexual e reprodutiva de forma integral, levando em consideração os aspectos biológicos, psicológicos, sociais e culturais que influenciam a vida das adolescentes.
Os resumos apresentados nesta edição abrangem uma variedade de temas, desde estratégias de prevenção e educação sexual até o cenário da gravidez na adolescência, saúde mental e bem-estar emocional. São trabalhos que refletem a dedicação e o compromisso de profissionais e pesquisadores em proporcionar cuidados de qualidade e promover o empoderamento das adolescentes na região amazônica.
Ao explorar e compartilhar essas experiências, temos a oportunidade de ampliar nosso conhecimento e aprimorar as práticas de atendimento às adolescentes. Os resumos aqui reunidos são frutos de pesquisas científicas, estudos de caso, relatos de experiência e iniciativas inovadoras que podem servir como base para a implementação de políticas públicas e intervenções efetivas voltadas para a saúde e o bem-estar das adolescentes.
Nesta jornada, é fundamental reconhecermos a importância da colaboração entre profissionais de saúde, educadores, gestores públicos, organizações da sociedade civil e, especialmente, das próprias adolescentes e suas famílias. A interdisciplinaridade e a participação ativa de todos os envolvidos são elementos essenciais para o sucesso na promoção de uma saúde sexual e reprodutiva saudável e equitativa para as adolescentes da Amazônia Ocidental.
Por fim, gostaríamos de expressar nossa gratidão aos autores e pesquisadores que contribuíram com seus trabalhos para a publicação destes anais. Também agradecemos à Comissão Científica pelo seu tempo e expertise na avaliação dos resumos submetidos. Sem o comprometimento e o esforço conjunto, essa iniciativa não seria possível.
Desejamos a todos uma leitura enriquecedora e inspiradora. Que os conhecimentos e experiências compartilhados nos resumos aqui apresentados possam impulsionar avanços significativos na saúde e no bem-estar das adolescentes da Amazônia Ocidental.
Atenciosamente,
Dra. Eugênia Glaucy Moura Ferreirao
Presidente – ASGORR
Dra. Eugênia Glaucy Moura Ferreirao
Presidente – ASGORR
Drª Luciana Cabus Arcoverde
ASGORR
Drª Ida Peréa Monteiro
ASSOGIRO
Drª Cynthia Dantas de Macedo Lins
Presidente da Comissão Científica - ASGORR
Drª Raquel Muradás
Secretária da Comissão Científica - ASSOGIRO
Drª Emilila Maria Freitas Alexandrino
Membro da da Comissão Científica - ASGORR
Drª Eugênia Glaucy Moura Rebelo
Membro da da Comissão Científica - ASGORR
contato@assogiro.com.br