Introdução: Tanto a gravidez quanto a adolescência caracterizam-se como períodos de intensas transformações físicas/biológicas, psíquicas e sociais. Entretanto, é preocupante quando ocorrem concomitantemente, já que a gravidez na adolescência possui inúmeros riscos para o binômio mãe-bebê. Objetivo: Caracterizar o perfil de acordo com idade, cor/raça, escolaridade, estado civil e adesão ao pré-natal das mães adolescentes, 10 a 19 anos, na Região Norte do Brasil, de 2012-2021. Métodos: Estudo retrospectivo transversal, de abordagem quantitativa e descritiva com levantamento de dados oriundos do Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos (SINASC) e disponibilizados na plataforma virtual TABNET/DATASUS. Para caracterizar as adolescentes mães de nascidos vivos no período de 2012 a 2021, foram utilizadas as variáveis: idade, raça/cor, escolaridade (anos de estudo), estado civil e realização do pré-natal. Resultados: Durante 2012-2021, na Região Norte, aproximadamente 24% (754.554) dos nascidos vivos foram filhos de mães adolescentes, maior percentual entre as regiões. Evidenciou-se uma discrepância entre a porcentagem do Norte em relação à nacional (16,8%) e a do Sudeste (13,7%), menor proporção. Dentre as mães adolescentes, 6,6% (319.226) residiam na Amazônia Ocidetal. Ocorreu variações no registro de nascimentos durante 2012-2021, sendo o máximo em 2014 (84.380) e a partir de então ocorreu uma tendência de queda até 2020 (64.487). Em relação à faixa etária dessas mães, 6,1% (46.020) eram adolescentes com idades entre 10-14 anos e 93,9% (708.534) entre 15-19 anos. Acerca da cor/raça, 85,2% das mães autodeclararam-se pardas, 5,9% brancas e 5,2% indígenas. A maioria dessas mães eram solteiras (54,4%) ou viviam em união consensual (39,2%). É preocupante que 12.606 (1,7%) dos nascimentos sejam de mães de 10-14 anos e que vivem em união consensual. No geral, há um baixo nível de instrução: 63,4%(29.182) das mães com 10-14 anos só tiveram 4-7 anos de estudos e naquelas com idade entre 15-19 anos apenas 1,4%(9.865) possuem 12 ou mais anos de estudo. Excluindo-se os registros não classificados ou não informados, observou-se que apenas 34,7% das mães com idades entre 10-14 anos e 44,1% entre 15-19 anos realizaram pré-natal adequado ou mais que adequado (início do pré-natal no primeiro trimestre e um mínimo de seis consultas de pré-natal). Conclusão: A gravidez na adolescência é um grave problema de saúde pública, apresenta fortes marcadores de desigualdade, reflete a inadequação das políticas de saúde voltadas para a faixa etária da adolescência, a necessidade de Educação Sexual, e diz respeito a toda sociedade, famílias, escolas e sistema de saúde, entre outros. Chama atenção nos dados colhidos a ausência de informações sobre os pais desses nascidos vivos, reforçando o argumento de que é um problema que deve ser analisado dentro de uma visão de gênero, com envolvimento de pais e mães. Quanto ao impacto da pandemia sobre essa problemática, carece de novos estudos que melhor avaliem a questão.
Caros leitores e participantes da III Jornada de Obstetrícia e Ginecologia da Adolescência da Amazônia Ocidental,
É com grande satisfação que apresentamos os anais de resumos simples deste evento, que reúne profissionais de saúde, pesquisadores, educadores e demais envolvidos no cuidado da saúde das adolescentes da região amazônica. Nesta edição, buscamos promover o compartilhamento de conhecimentos e experiências, bem como estimular o diálogo e a reflexão sobre os desafios e avanços na área da saúde reprodutiva e ginecológica na adolescência.
A Amazônia Ocidental é uma região rica em biodiversidade, cultura e tradições, mas também enfrenta particularidades e desafios específicos quando se trata do cuidado à saúde das adolescentes. Neste contexto, é essencial abordar a saúde sexual e reprodutiva de forma integral, levando em consideração os aspectos biológicos, psicológicos, sociais e culturais que influenciam a vida das adolescentes.
Os resumos apresentados nesta edição abrangem uma variedade de temas, desde estratégias de prevenção e educação sexual até o cenário da gravidez na adolescência, saúde mental e bem-estar emocional. São trabalhos que refletem a dedicação e o compromisso de profissionais e pesquisadores em proporcionar cuidados de qualidade e promover o empoderamento das adolescentes na região amazônica.
Ao explorar e compartilhar essas experiências, temos a oportunidade de ampliar nosso conhecimento e aprimorar as práticas de atendimento às adolescentes. Os resumos aqui reunidos são frutos de pesquisas científicas, estudos de caso, relatos de experiência e iniciativas inovadoras que podem servir como base para a implementação de políticas públicas e intervenções efetivas voltadas para a saúde e o bem-estar das adolescentes.
Nesta jornada, é fundamental reconhecermos a importância da colaboração entre profissionais de saúde, educadores, gestores públicos, organizações da sociedade civil e, especialmente, das próprias adolescentes e suas famílias. A interdisciplinaridade e a participação ativa de todos os envolvidos são elementos essenciais para o sucesso na promoção de uma saúde sexual e reprodutiva saudável e equitativa para as adolescentes da Amazônia Ocidental.
Por fim, gostaríamos de expressar nossa gratidão aos autores e pesquisadores que contribuíram com seus trabalhos para a publicação destes anais. Também agradecemos à Comissão Científica pelo seu tempo e expertise na avaliação dos resumos submetidos. Sem o comprometimento e o esforço conjunto, essa iniciativa não seria possível.
Desejamos a todos uma leitura enriquecedora e inspiradora. Que os conhecimentos e experiências compartilhados nos resumos aqui apresentados possam impulsionar avanços significativos na saúde e no bem-estar das adolescentes da Amazônia Ocidental.
Atenciosamente,
Dra. Eugênia Glaucy Moura Ferreirao
Presidente – ASGORR
Dra. Eugênia Glaucy Moura Ferreirao
Presidente – ASGORR
Drª Luciana Cabus Arcoverde
ASGORR
Drª Ida Peréa Monteiro
ASSOGIRO
Drª Cynthia Dantas de Macedo Lins
Presidente da Comissão Científica - ASGORR
Drª Raquel Muradás
Secretária da Comissão Científica - ASSOGIRO
Drª Emilila Maria Freitas Alexandrino
Membro da da Comissão Científica - ASGORR
Drª Eugênia Glaucy Moura Rebelo
Membro da da Comissão Científica - ASGORR
contato@assogiro.com.br