O negro, da casa-grande à cidade grande: apontamentos para pensar o espaço geográfico na formação do aluno da educação básica

  • Autor
  • Edmilson Mota
  • Resumo
  • O presente trabalho objetiva resgatar dois autores de momentos distintos, sobre suas respectivas obras: Gilberto Freire (1933) Casa-grande e Senzala, e Florestan Fernandes (1964) A integração do negro na sociedade de classe. São fases importantes do pensamento social brasileiro, que, em diferentes épocas, cada um na sua perspectiva, reconheceu o papel social do negro na formação do Brasil. O primeiro resgata o negro a partir da cultura e, o segundo reconhece o negro a partir da sua própria perspectiva de luta por reconhecimento. Casa-grande e senzala foi publicada numa época em que o país buscava se afirmar como uma civilização dos trópicos e, nesse sentido, a sua narrativa sobre a formação do povo brasileiro Freyre (1933) defendia uma nação que havia dado certo pela sua capacidade de fusão, de hibridizar e de colocar a cultura no lugar da raça. O autor defende a tese de que, desde o início do processo de colonização, o português, o dominante, não se importou com a raça como fator determinante para erguer o projeto colonial. Preferiu aumentar a população pelo processo de miscigenação, e, para isso, a cultura foi a variável mais importante na formação da população brasileira. O lançamento de Casa-grande e senzala coincidiu, à época, com a implantação do Estado Novo e, nesse tempo, o Brasil, politicamente, buscava-se afirmar para si e para o mundo como uma nação que pensava e valorizava a cultura brasileira como a identidade nacional. O sucesso de Casa-grande e senzala se deve ao resgate e à valorização do encontro da cultura das três raças, europeia, indígena e africana. Sobre a cultura africana, o autor resgatou o seu sentido na música, na dança, na culinária, na língua e na religião, e diz ser o Brasil uma nação híbrida, porque, para ele, a cultura representava o espaço de encontro das diferenças de cada um. Daí que o resgate da cultura afro-brasileira inicialmente se deve a esta obra, visto que a interpretação sobre o Brasil até então retratava a “tristeza brasileira” como “Retrato do Brasil”, de Paulo Prado, 1928, um dos expoentes da “Semana de Arte Moderna”. Ele apostava na propensão do brasileiro à melancolia. Seria isto um determinismo biológico sobre o social (PRADO, 1981, p. 92). Mas, para Freyre (1933), seria o oposto, a cultura sobrepôs o determinismo geográfico. Em “Casa-Grande e Senzala”, Freyre (1933) faz uma síntese sociocultural sobre a formação social brasileira, utilizando a cultura para olhar o passado, sobre o qual avistou uma nação cujo futuro certo era multirracial e miscigenado. À época, isso contradizia as tendências pessimistas baseadas no determinismo geográfico do meio natural e no determinismo biológico baseado no conceito de raça, o que era dominante no pensamento social brasileiro. Nesse sentido, Freyre (1933) apresentava uma interpretação com base na cultura pela qual ele defendia a importância do encontro e da construção sociocultural das três raças, o que fazia com que a mestiçagem passasse a ser vista como uma tendência positiva na construção da identidade nacional. Para Mota (2008, p. 67-69), a década de 30 vai se tornar o marco do processo que ele diz ser 1933-1937 o “redescobrimento do Brasil” e, para ele, Casa-grande e senzala “representava uma ruptura com a abordagem cronológica clássica, com as concepções imobilistas da vida social do passado (e do presente)”. Diz ainda o autor sobre a obra de Freyre (1933), ser difícil classificá-la de acordo com os moldes tradicionais de se fazer ciência, tendo em vista sua capacidade de dialogar com diversas áreas das ciências humanas: “Economia, História, Sociologia, Antropologia, etc” (Idem, 2008, p. 71).Na segunda perspectiva, A integração do negro na sociedade de classes teve como abordagem a sua inserção na ordem competitiva capitalista. Nessa perspectiva, o autor teve o rigor de mapear a realidade da cidade de São Paulo a respeito da situação social que o negro enfrentava na primeira metade do século XX. Para

  • Palavras-chave
  • Negro, Casa-grande e Senzala, A integração do Negro na Sociedade de Classe
  • Modalidade
  • Comunicação oral
  • Área Temática
  • AT2 - Gênero e Raça no pensamento social
Voltar

O II Seminário de Pensamento Social Brasileiro – intelectuais, cultura e democracia, organizado pelo NETSIB-UFES, realizado entre os dias 23 e 27 de novembro de 2020, na modalidade online, transmitido pelas páginas oficiais do evento no Youtube e no Facebook e pela DoityPlay.

 

  • AT1 - Clássicos do pensamento social brasileiro
  • AT2 - Gênero e Raça no pensamento social
  • AT3 - Arte, literatura e sociedade
  • AT4 - Nacionalismos, Modernismos e Modernidades
  • AT5 - Economia, Estado e sociedade no pensamento social e político
  • AT6 - Educação e cultura no pensamento social e educacional
  • AT7 - Intérpretes e interpretações do Brasil contemporâneo
  • AT8 - História da historiografia e História das ciências sociais
  • AT9 - Marxismo e teoria crítica

https://netsib.ufes.br/seminario/cadernoderesumos