Na presente comunicação se destaca o pioneirismo de Euclides da Cunha, que, na narrativa d'Os Sertões, forneceu elementos para as primeiras interpretações do Nordeste. Desses elementos privaram – concordando, discordando – autores e pensadores como Gilberto Freyre, Celso Furtado e Josué de Castro, desde diferentes campos do saber: a etnografia, a economia política, a ciência da nutrição, a geografia. Para Josué de Castro, por exemplo, Euclides da Cunha seria um dos primeiros “sociólogos da fome no Brasil”. Já Freyre vê nele um “revelador da realidade brasileira”. Para além disto, Euclides esquadrinharia o sofrimento como aspecto da nacionalidade brasileira e da pertença cultural nordestina, antes mesmo de sua definição como tal. Propõe-se, em seguida, e por meio de revisão bibliográfica, discutir a influência, nos pensadores citados, daquele autor – um intérprete externo do Nordeste, desde uma perspectiva “paulista” (nacional? ...) na virada do século XIX para o século XX. Em se supondo a existência de um pensamento social que se percebe como “nordestino”, questione-se: na geografia e na genealogia intelectual brasileira, seria o positivista paulista o seu maître à penser – no sentido que a nova História Intelectual consagra a esse termo? Como se deu a recepção nordestina às ideias euclidianas?
O II Seminário de Pensamento Social Brasileiro – intelectuais, cultura e democracia, organizado pelo NETSIB-UFES, realizado entre os dias 23 e 27 de novembro de 2020, na modalidade online, transmitido pelas páginas oficiais do evento no Youtube e no Facebook e pela DoityPlay.
https://netsib.ufes.br/seminario/cadernoderesumos