De pintor de retratos ao mecenato estatal: a trajetória artística de Candido Portinari

  • Autor
  • Ana Carolina Machado Arêdes
  • Resumo
  •  

    Candido Portinari foi um dos principais expoentes do modernismo brasileiro, tendo alcançado enorme notoriedade nacional e internacional, sobretudo nas décadas de 1930 e 1940, período em que realizava inúmeros trabalhos para a burocracia estado-novista.

    Sua trajetória como artista teve início na década de 1920, quando conseguiu ingressar na tradicional Escola Nacional de Belas Artes, no Rio de Janeiro. De origem humilde, filho de imigrantes italianos que trabalhavam nas lavouras de café do interior paulista, Portinari teve que lutar para se manter na então capital federal. Começou pintando letreiros e monogramas e, posteriormente, passou a confeccionar retratos da elite brasileira. Estes retratos contribuíram muito para o amadurecimento artístico do pintor, assim como para seu entrosamento no concorrido ambiente sociocultural daqueles anos.

    Em 1928, Portinari foi premiado em um Salão da Escola Nacional de Belas Artes e ganhou uma bolsa de estudos na Europa. Retornou em 1931, momento político conturbado, logo após a Revolução de 1930, na qual Getúlio Vargas assumiu a Presidência da República de maneira indireta.

    Na Europa, Portinari se desprendeu um pouco do gosto acadêmico exigido pela Escola de Belas Artes e adotou um estilo próprio, inspirado pelas grandes obras da vanguarda que pôde ver de perto. Contudo, não abandonou por completo o academicismo, mas o adaptou à sua nova maneira de fazer e interpretar a pintura. Quando voltou ao Brasil, surgiu como o artista moderno mais indicado a servir de baluarte ao movimento modernista, assim como o pintor ideal a realizar trabalhos para o Estado.

    Acontece que Portinari preenchia uma série de requisitos que o levaram a se destacar como o artista mais indicado daquele momento – formação acadêmica, estética moderna e sobretudo, o desejo de realizar pinturas com temáticas tipicamente nacionais.  

    Desse modo, o artista foi convidado a realizar muitos trabalhos para a oficialidade, especialmente no período Estado Novo. Trabalhos que aceitava mesmo tendo uma postura mais social, simpatizante da esquerda comunista. Outros artistas e intelectuais atuaram na burocracia varguista mesmo discordando politicamente do governo. Aliás, o período do governo Vargas ficou reconhecido por seu intenso mecenato e pela capacidade de reunir em suas fileiras artistas e intelectuais das mais variadas correntes de pensamento.

    Sendo assim, a trajetória artística de Portinari aqui brevemente descrita, é capaz de revelar muito sobre o ambiente político e cultural daqueles anos. Como fonte documental desta pesquisa são utilizadas as obras de arte e as correspondências pessoais do pintor.

     

  • Palavras-chave
  • Portinari, Arte, Modernismo, Mecenato, Estado.
  • Área Temática
  • AT3 - Arte, literatura e sociedade
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