MODALIDADE DE APRESENTAÇÃO: PÔSTER
Delineado enquanto uma das principais ferramentas para compor estudos estruturais sobre a população, o Censo determina um retrato marcante sobre a realidade brasileira. Ao realizar uma investigação minuciosa sobre diversos aspectos sociais, é inegável o seu papel enquanto diagnóstico para direcionar políticas públicas e investimentos. É dentro desse particular contexto, que se abre espaço para a compreensão dos arranjos da sociedade brasileira. A classificação de cor e raça no IBGE traz um recorte histórico do passado que ajuda a compreender e formular o direcionamento de ações afirmativas. Buscando, então, reiterar a importância do Censo Demográfico, propomos, sobre essa égide, enquanto objetivo geral, analisar, mediante o espectro da autodeclaração de cor, a importância da aplicação do método qualitativo, bem como a própria classificação de cor e raça. Apesar do método quantitativo de pesquisa possuir, habitualmente, pouca adesão no campo das humanidades, o avanço das tecnologias de análise e captação de dados permitiu o crescimento de sua utilização neste campo do conhecimento. Nesse ínterim, o conjunto de iniciativas governamentais em 2019 tem colocado a manutenção dessa estrutura em segundo plano. Desde o anúncio de cortes orçamentários até a redução no número de perguntas, esse pacote reducionista revela um flagelo anunciado e com impactos diretos para todo o campo das humanidades. De fato, para a utilização do método é crucial a existência de uma base de dados coerentes, que agora revela um futuro nebuloso e incerto. Enquanto percurso metodológico, foram analisadas, de forma objetiva, as pesquisas realizadas por um Grupo de Pesquisa universitário e uma Organização da sociedade civil voltadas para a análise e promoção de valores culturais, a partir do ano de 2010 (ano de realização do último Censo demográfico). Foram escolhidas o GEMAA e a Fundação Palmares, por meio da consulta dos artigos publicados nos endereços eletrônicos de ambos. Após fez-se a busca pela palavra chave “IBGE”. Como resultado, havia artigos que citavam em sua referência bibliográfica o Instituto e àqueles que utilizavam as categorias raciais definidas pelo Instituto, sendo os grupos separados em duas diferentes tabelas. Observamos que 42,3% dos artigos publicados pelo GEMAA e 4,8% daqueles publicados pela Fundação Palmares possuíam como fonte de dados para a sua pesquisa o Censo do IBGE. Outrossim, 45,2% dos artigos publicados por ambas Instituições utilizavam da classificação racial adotada pelo IBGE. Conclui-se que, mesmo em um ambiente de baixa adesão do método quantitativo de pesquisa, como são as humanidades, o Censo teve um papel crucial no desenvolvimento de pesquisas publicadas por entidades interessadas na importância das ações afirmativas. Em última análise, a pesquisa do Censo é paradigmática no que tange a autodeclaração de cor e na alta adesão da sua categoria racial pelas pesquisas publicadas por ambas as instituições.
O II Seminário de Pensamento Social Brasileiro – intelectuais, cultura e democracia, organizado pelo NETSIB-UFES, realizado entre os dias 23 e 27 de novembro de 2020, na modalidade online, transmitido pelas páginas oficiais do evento no Youtube e no Facebook e pela DoityPlay.
https://netsib.ufes.br/seminario/cadernoderesumos