À luz das teses de Florestan Fernandes e Octávio Ianni, o presente estudo apresenta o Brasil não somente como uma nação periférica em meio à economia capitalista, mas também como uma nação onde o preconceito racial se mostra uma marcante e significativa praxe para a manutenção do poder da burguesia dependente. A forma pela qual a história do Brasil foi contada é, em si, a consequência do que a história ainda pouco contada nos revela: o discurso de uma burguesia que impõe suas regras sobre uma população da qual propositalmente mantém inerte à margem. Nesta pesquisa procuramos destacar pontos estruturantes da formação do capitalismo no Brasil respeitando sua historiografia, abordando desde o status quo vigente no Brasil recém-independente até os impactos desse negligente modelo de abolição da escravatura – do qual a população negra é afeta até os dias de hoje. Nosso estudo carrega uma abordagem essencialmente marxista, contudo, se atenta ao fato de as relações sociais serem moldadas não somente pelo regime de classes como também pelo mito da democracia racial como ferramenta de uma velada segregação - que, como tal, também se mostra uma densa barreira ao fortalecimento de um proletariado sólido. A metodologia utilizada consistiu em defrontar a argumentação das clássicas teses de Fernandes e Ianni levantando convergências e divergências, para, a partir dos dados levantados, demonstrar que a conscientização acerca da questão racial é condição sine qua non para a legitimação e o fortalecimento do proletariado.
O II Seminário de Pensamento Social Brasileiro – intelectuais, cultura e democracia, organizado pelo NETSIB-UFES, realizado entre os dias 23 e 27 de novembro de 2020, na modalidade online, transmitido pelas páginas oficiais do evento no Youtube e no Facebook e pela DoityPlay.
https://netsib.ufes.br/seminario/cadernoderesumos