Do niger sum ao ser nacional: questão racial e construção da nacionalidade em Alberto Guerreiro Ramos (1949-1960).

  • Autor
  • Gabriel Felipe Oliveira de Mello
  • Resumo
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    Este trabalho analisa parte da obra do sociólogo Alberto Guerreiro Ramos (1915-1982), mais especificamente a relação entre sua reflexão sobre a questão racial, ao longo do final da década de 1940 e início de 1950, e a construção de um projeto nacional para o Brasil. O conceito de raça é um estruturante das relações sociais de poder desde o nascimento da modernidade. Não obstante, foi apenas no pós II Guerra Mundial, em 1945, que a discussão acerca desse conceito, assim como suas consequências políticas, gerou um intenso debate crítico na comunidade acadêmica a nível mundial visando sua superação. Ora, não foi mais possível, após a tragédia do genocídio da Shoá, a permanência do conceito de raça conforme sua acepção biológica como um entendimento científico válido e plausível para se pensar as relações sociais no mundo. O Brasil e a intelectualidade brasileira não ficaram imunes a esse debate. Alberto Guerreiro Ramos, intelectual baiano, radicado no Rio de Janeiro, contribuiu, em grande medida, para o debate acerca da questão racial no país, desde artigos publicados em jornais até sua militância no Teatro Experimental do Negro (TEN), junto de Abdias do Nascimento. Esses fatos foram fundamentais para o amadurecimento de suas ideias, e culminaram na produção de artigos centrais sobre a questão racial, tais como “O negro na sociologia brasileira” (1954), “Patologia social do branco brasileiro” (1955) e “O negro desde dentro” (1954). Destarte, Guerreiro procurou resolver o entrave da construção de um projeto nacional que conciliasse, ao mesmo tempo, a superação do que denominou de ideologia da brancura, dotando o negro de autoconsciência emancipatória - o seu niger sum -  que seria um dos aspectos fundamentais para a  superação do  racismo no Brasil, a construção de uma identidade nacional que almejasse a própria superação da ideia de raça, bem como a harmonia entre brancos e negros sob uma concepção do que denominou de “ser brasileiro”. É sobre essa questão que este trabalho trata, procurando reconstruir o debate proposto por Guerreiro Ramos, apontando e refletindo sobre as ideias centrais do sociólogo.

     

  • Palavras-chave
  • intelectuais; modernização; nacionalidade; raça; racismo
  • Área Temática
  • AT2 - Gênero e Raça no pensamento social
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O II Seminário de Pensamento Social Brasileiro – intelectuais, cultura e democracia, organizado pelo NETSIB-UFES, realizado entre os dias 23 e 27 de novembro de 2020, na modalidade online, transmitido pelas páginas oficiais do evento no Youtube e no Facebook e pela DoityPlay.

 

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