A obra do médico e antropólogo Raimundo Nina Rodrigues (1862-1906) é tradicionalmente enquadrada nos moldes de um discurso cientificista, típico do final do século XIX, marcado pelo racialismo dogmático, importado e adaptado ao cenário nacional. A proposta desta apresentação é problematizar tal panorama, comum aos estudos do pensamento social brasileiro, ao deslocar a herança intelectual rodrigueana da esfera de um darwinismo-social exacerbado, do típico determinismo racial, para áreas de estudos antagônicas. Tomando como eixo de reflexão textos seus sobre antropologia cultural e psicologia gregária, o objetivo é abrir caminhos pouco explorados pela historiografia e pelas Ciências Sociais, a partir da adoção, pelo médico maranhense, de leituras da chamada escola evolucionista-social e também da sociologia tardiana. O contato e o acomodamento de proposições que divergiam do conteúdo oitocentista paradigmático que lhe era tão familiar, fez do conjunto da obra de Nina Rodrigues – em especial o recorte da problemática racial – um objeto intrincado, arquétipo do momento tensionado em que viviam as ciências de seu tempo.
O II Seminário de Pensamento Social Brasileiro – intelectuais, cultura e democracia, organizado pelo NETSIB-UFES, realizado entre os dias 23 e 27 de novembro de 2020, na modalidade online, transmitido pelas páginas oficiais do evento no Youtube e no Facebook e pela DoityPlay.
https://netsib.ufes.br/seminario/cadernoderesumos